Existem inúmeras razões para empresas inserirem a pauta ESG em sua estratégia de negócios: das altruístas às pragmáticas. Dentre as pragmáticas podemos citar perenidade da empresa, mitigação de riscos, geração de valor, demanda de investidores e clientes, competitividade, reputação, retenção e atração de talentos, legislação e regulamentação, custo de capital, avaliação da empresa, entre outras.
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No entanto, as empresas precisam estar cientes de que não existe um caminho único. Além disso, o caminho escolhido precisa ser genuíno, refletido e bem estruturado. Destaco a seguir alguns fatores críticos de sucesso na jornada de sustentabilidade:
- Firme comprometimento do conselho de administração com a ambição da sustentabilidade e reconhecimento de que essa é uma jornada na qual a essência precisa se sobrepor à forma;
- Inserção da sustentabilidade na estratégia e no modelo de negócios, o que implica, muitas vezes, em realizar uma transformação cultural na forma de se fazer negócios. É fundamental haver alinhamento entre cultura, estratégia e liderança.
- A política de remuneração é um importante instrumento de direcionamento de comportamentos e precisa ter coerência com o propósito e a cultura da organização.
Em dezembro de 2022, a CFA Society Brazil publicou o livro Novas fronteiras de risco e retorno: guia prático para integração ESG nos investimentos.
O CFA Institute tem como missão contribuir para o desenvolvimento de mercados financeiros globais, promovendo ética, integridade e elevados padrões de atuação dos profissionais de finanças e investimentos para que coletivamente gerem valor para sociedade e atendam ao interesse público.
A CFA Society Brazil é a associação que congrega os CFA charterholders no País. Criou, em agosto de 2021, o ESG Committee, o qual tenho o prazer de liderar. Dentre as funções do ESG Committee está a disseminação de conhecimento sobre a agenda ESG — objetivo no qual se insere a iniciativa do livro. Em sua elaboração, aportamos conhecimento do CFA Institute, para definir a estrutura, e reunimos experiências e conhecimentos dos organizadores, coautores e especialistas.
Ferramenta para o futuro
O livro traz uma relevante contribuição para os profissionais do mercado de capitais, finanças, empresas, academia e sociedade. Em um mundo de crescente complexidade e imprevisibilidade, é fundamental que temas determinantes para o futuro ganhem relevância nos processos de investimentos dos investidores institucionais e nas pautas dos conselhos de administração.
Dada a pluralidade de assuntos abordados, o livro não tem a pretensão de abordar cada um deles de forma exaustiva. Mas, sim, a de servir como uma publicação de referência sobre o tema no Brasil, oferecendo um material introdutório de qualidade e contribuindo para um ambiente de discussões de temas que emergem na fronteira da evolução do ESG.
Os 15 capítulos, escritos por renomados autores, estão divididos em três partes:
- A primeira parte aborda o histórico e a relevância do tema no Brasil e no mundo. A seção se encerra com discussão sobre a importância do fator cultural e o papel das lideranças na promoção da cultura organizacional. Importante observar que uma cultura corporativa saudável e forte não apenas resiste firme em momentos de estresse agudo como mitiga os impactos das crises.
- A segunda parte é dedicada a aspectos práticos como: integração dos fatores ESG à tomada de decisão de investimentos e seus efeitos na avaliação de empresas, frameworks, engajamento e stewardship, perfil de cliente e como os fatores ESG são incorporados na construção de portfólios de investimentos.
- A terceira parte é dedicada a temas de fronteira: regulação, investimentos de impacto e papel emergente da mídia especializada para o fortalecimento dos investimentos responsáveis, reflexões sobre a urgência do tema, os desafios e as formas para avançar.
Os investidores institucionais têm muito a contribuir por meio do exercício do stewardship, prática que envolve o engajamento junto às empresas investidas. Como fonte de capital, os investidores possuem uma posição privilegiada para dialogar com o objetivo de gerar mudanças na forma de atuar das empresas — mudanças estas que contribuirão para preservação e valorização dos ativos.
É certo que as empresas não conseguem promover uma transformação cultural e inserir a pauta ESG em sua estratégia e em seu modelo de negócios da noite para o dia. No entanto, aquelas que decidirem aguardar por uma regulamentação mais rígida, que as obrigue a agir, correrão o risco de não ter tempo hábil de fazer esse movimento de forma estruturada. Temos urgência na jornada!
*Ana Siqueira, CFA ([email protected]) é conselheira de administração, líder do ESG Committee da CFA Society Brazil e sócia co-fundadora da Artha Educação
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