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Investidores voltam a olhar para a Amazônia
Após derrota de Bolsonaro, fundos e empreendedores ampliam aposta em negócios da região
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Após a vitória de Lula, a Noruega anunciou que vai descongelar a ajuda financeira para combater o desmatamento da Amazônia brasileira | Imagem: Freepik

Em pouco mais de um mês, desde o resultado das eleições presidenciais, fundos internacionais ESG, com trilhões de dólares sob gestão, voltaram a olhar para o Brasil como opção de investimento. Críticos da gestão ambiental durante o governo do atual presidente, Jair Bolsonaro, muitos ameaçaram tirar recursos aplicados no País — e alguns chegaram a fazê-lo de fato.   


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Após a vitória de Lula nas urnas, a Noruega anunciou que vai descongelar a ajuda financeira para combater o desmatamento da Amazônia brasileira. O ministro norueguês do Meio Ambiente, Barth Eide, explicou que a decisão foi tomada com base em declarações do presidente eleito em sua campanha, na qual enfatizou a proteção da floresta e dos povos indígenas.  

A ajuda financeira do país escandinavo ao Brasil foi interrompida em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. O desmatamento da Amazônia brasileira aumentou 70% durante seus quatro anos de gestão. O fundo nórdico Nordea Asset Management, com mais de 400 bilhões de euros em patrimônio, deixou de comprar títulos soberanos brasileiros durante o período — e já sinalizou que estuda suspender a restrição, após o resultado das eleições.  

Negócios incipientes 

A economia da Amazônia também está no foco do mercado brasileiro de capitais. Comercializadora de créditos de carbono, a startup brasileira Moss trabalha na estruturação de um Fiagro que será lançado em 2023. Vai ser o primeiro destinado à compra de terras no bioma amazônico. Deve chegar, inclusive, ao investidor de varejo.  

Os três maiores bancos do país se engajaram com a pauta. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander são financiadores do Plano Amazônia, um projeto que visa criar 200 startups, em três anos, para fomentar a bioeconomia. Inicialmente, os bancos vão investir 70 milhões de reais, recursos que também serão utilizados na capacitação de 3 mil pessoas. Treinamentos e mentorias são o primeiro passo para solucionar o gargalo ao desenvolvimento de empresas na região.  

Estima-se que as receitas geradas com negócios na Amazônia não passem de 300 milhões de dólares por ano. A cifra equivale a um percentual ínfimo dos mercados globais de cadeias agroflorestais. O Produto Interno Bruto (PIB) da Amazônia brasileira equivale a apenas 9% do PIB nacional e cinco dos seis estados de menor crescimento econômico do país estão na região.  

Ponte para o capital 

O Plano Amazônia está sendo gerido pela Fundação Certi, hub catarinense de tecnologia e empreendedorismo que vai ficar responsável pelo fortalecimento de negócios já existentes e o desenvolvimento de novos. A fundação tem a missão de fazer ponte entre as startups da Amazônia e as incubadoras, aceleradoras e os venture builders.  

No ano passado, a aceleradora de impacto AMAZ começou uma primeira seleção de empreendimentos na região, com potencial de impacto positivo. Os escolhidos recebem um valor inicial de 200 mil reais, assessoria jurídica e de marketing para começar a operar em um período de até seis meses, a partir da aceleração.  

As startups da Amazônia costumam não ter o nível de maturidade desejada pelos investidores que buscam colocar recursos na região. Até agora, o portfólio da AMAZ conta com 16 empresas em processo de aceleração. Startups que promovem a revitalização da borracha, por meio do extrativismo sustentável, e climatechs que utilizam recursos do mercado de carbono para financiar ações de conservação florestal são alguns dos negócios da carteira.  

A AMAZ é coordenada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam). A entidade dispõe de um fundo de 25 milhões de reais para investir em negócios de impacto até 2030. 

Prazos incompatíveis  

Para Fersen Lambranho, sócio da gestora GP Investimentos, os prazos e as escalas dos negócios esperados pelos fundos de venture capital são impraticáveis e potencialmente danosas à bioeconomia amazônica. “As métricas que orientam habitualmente o fluxo de capital no mundo não funcionam e não vão funcionar aqui”, disse ele na semana passada, no Festival de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA). 

Lambranho é presidente do conselho da G2D, braço da GP dedicado a investimentos em empresas de tecnologia — e nele há uma carteira voltada a negócios com propósito. A Moss e a AMAZ estão entre as investidas. Na visão do gestor, não existe hoje um fundo de venture capital capaz de investir na Amazônia e ser efetivo. Segundo ele, é preciso investir em conhecimento sobre como atuar na região, o que requer avanço científico e alta tecnologia. A compreensão da realidade local é igualmente fundamental. Só dessa forma será possível ampliar não só os negócios como também a demanda dos investidores.  

 

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