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Todo investimento tem impacto
Com a crise da pandemia, pauta ESG deixou de ser secundária para entrar de vez no centro das conversas no mercado
Ilustração de Daniel Izzo

*Daniel Izzo/ Ilustração: Julia Padula

O que têm em comum uma empresa que produz respiradores pulmonares, um aplicativo de entrega que usa o serviço de motoboys e um projeto greenfield de uma mineradora? Além, claro, de precisarem de investimento para sair do papel e para expandir, todos também impactam vidas. Parece óbvio quando dito dessa forma, mas a verdade é que pouquíssimos gestores financeiros colocam essa perspectiva na mesa quando estão tomando uma decisão sobre alocação do dinheiro sob sua responsabilidade. 

Felizmente, vemos alguns indícios de que esse tipo de comportamento não deve mais ser tão amplamente tolerado quanto antigamente. Já estávamos acompanhando um rápido crescimento nos investimentos sustentáveis, ESG (aspectos ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês) e de impacto. Com a crise da pandemia, essa pauta ganhou ainda mais importância deixou de ser secundária para entrar de vez no centro das conversas no mercado. Um bom número de fundos de pensão e endowments estrangeiros já não mais investem em fundos e gestores que não consideram as questões ambientais, sociais e de governança em suas alocações. 

De fato, quando olhamos nosso extrato financeiro e vemos a comparação da rentabilidade de nossa carteira em comparação a algum benchmark também financeiro — seja ele CDI, Ibovespa ou algum outro — estamos olhando apenas para parte da realidade. Todo investimento, para gerar alguma rentabilidade, saiu de nossos bolsos, foi aplicado em algum projeto, empresa, iniciativa ou estrutura que prosperou, cresceu e foi capaz de retornar o dinheiro nele investido. É interessante considerar que, em pleno 2020, pouco sabemos sobre o que nossos recursos estão ajudando a prosperar. Está alinhado com nossos valores? É algo que eu desejo para meus filhos e netos? Me dá orgulho de deixar como um dos meus legados? 

Todo negócio tem alguma externalidade, ou seja, algum efeito secundário não previsto ou não considerado no plano inicial. Construindo uma escala de evolução bastante simplificada, em um primeiro estágio estão aquelas empresas que não fazem muito para gerenciar os impactos negativos de seus negócios, produtos e serviços. Note aqui que não estou considerando projetos de responsabilidade social ou filantropia não conectados com o negócio central da empresa pois, apesar de muito importantes, não ajudam a reduzir os problemas que criam com sua operação. 

Em um próximo degrau estão as empresas que trabalham os aspectos ESG para reduzir a pegada negativa que geram no mundo, mas que ainda não caminham para mudar seus core businesses. Por fim, os negócios que, além de acompanharem seus índices ESG, fazem gestão de seu impacto e buscam causar transformações positivas no planeta e na sociedade. Nesse caso, as externalidades quase deixam de existir, já que há uma busca proativa por mapeá-las e reduzi-las, quando negativas ou fortalecê-las, quando positivas. 

Conforme vamos amadurecendo como pessoas e como cidadãos, passamos a cuidar mais do nosso entorno e não apenas dos nossos interesses pessoais. Foi esse movimento evolutivo que tornou proibido fumar em aviões e escritórios, que fez com que deixássemos de jogar lixo na rua ou de ouvir música alta até tarde da noite, atrapalhando os vizinhos. Na minha opinião, não precisamos ser muito visionários para imaginar que esse mesmo movimento chegue ao mundo dos investimentos. Investir sem se preocupar com os seus impactos na sociedade e na natureza e sem trabalhar para que eles se tornem cada vez mais positivos certamente vai ser coisa do passado. 


*Daniel Izzo ([email protected]) é sócio-cofundador da Vox Capital.

 


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