O apoio dos investidores às pautas sociais e ambientais diminuiu na temporada de assembleias anuais de acionistas das empresas americanas em 2023. Segundo o Instituto de Investimentos Sustentáveis (Si2), as propostas que requerem às companhias mais iniciativas contra as mudanças climáticas ganharam, em média, apoio dos donos de 23% das ações até o fim de maio, ante 36,6% em 2022. Já as petições sobre direitos humanos receberam 21,6% dos votos, em comparação aos mais de 30% no ano anterior. 

A Capital Aberto tem um curso online sobre ESG bonds. Dá uma olhada!

A perda de entusiasmo ficou evidente em várias empresas. Na ExxonMobil, apenas 11% dos acionistas apoiaram uma proposta que sugeria a criação de metas de redução de emissões de gás carbônico compatíveis com o Acordo de Paris. Na Amazon, uma resolução que solicitava mais informações sobre os riscos das embalagens plásticas recebeu cerca de 30% do apoio dos sócios, em comparação a quase 50% em 2022. 

O recuo reflete a maior hesitação dos acionistas diante de propostas ESG cada vez mais exigentes e do acúmulo de pressões políticas. Em dezembro, senadores republicanos acusaram as gestoras de recursos BlackRock, Vanguard e State Street de usarem seu poder de voto “para promover objetivos sociais liberais”. Isso fez com que o governador da Flórida e candidato presidencial Ron DeSantis sancionasse neste ano uma lei exigindo que os fundos de pensão do estado votem apenas com base em “fatores pecuniários”.  

Fora dos EUA, o cenário é diferente. O apoio médio às propostas ambientais e sociais nas empresas europeias subiu para 11,6% em 2023, ante 10,6% em 2022 e 5,5% em 2021, segundo a provedora de dados Diligent. Já o suporte a esse tipo de resolução fora de Europa e EUA ficou em 17% neste ano, em comparação a 11,3% no ano anterior. 

Matérias relacionadas

Gigantes de Wall Street veem onda anti-ESG como risco material

Novas regras ESG abrem oportunidade para as companhias

Governança climática: o que é e como levar a pauta a conselheiros e executivos