Pesquisar
Close this search box.
Gestores de fundos multimercados veem luz no fim do túnel
Depois de um 2023 de forte retirada, a desaceleração na saída de recursos neste ano e a perspectiva de juros menores entusiasmam para uma recuperação mais à frente
fundos multimercados, Gestores de fundos multimercados veem luz no fim do túnel, Capital Aberto

A vida do gestor, que nunca foi fácil, depois da pandemia ficou ainda mais complexa, até mesmo para quem é faixa preta no mercado de capitais. Isso porque a economia ao redor do globo ficou mais difícil de ser lida, com os juros e a inflação deixando os preços e os custos mais caros. Com o cenário nebuloso, o qual a renda fixa passou a ganhar, e muito, da renda variável, os gestores têm feito manobras nos últimos meses para tentar amenizar as perdas nos fundos multimercados.

Para se ter uma ideia, este tipo de investimento registrou uma retirada de quase R$ 170 bilhões nos últimos 12 meses até março deste ano. Em 2024, até o mês passado, a retirada soma pouco mais de R$ 28 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).


Adquira ferramentas para uma oferta pública de ações ou dívida no curso Resolução 160


No mesmo período do ano passado, esse número era absolutamente maior, o que mostra a dificuldade daquele cenário e o jogo de cintura dos gestores para diminuir as perdas, uma vez que a taxa de juros no Brasil estava em 13,75% ao ano, enquanto nos Estados Unidos o Federal Reserve (banco central americano) continuava a subir a taxa. 

No ano passado, o valor acumulado no mesmo período, até março, somava R$ 37,4 bilhões, valor 32,14% superior ao visto ante igual intervalo deste ano.

fundos multimercados, Gestores de fundos multimercados veem luz no fim do túnel, Capital Aberto

Além da conjuntura global desafiadora, que aumentou a aversão ao risco, o vice-presidente da Anbima, Pedro Rudge, diz que a tributação dos fundos fechados pode explicar parte da retirada dos últimos meses também. “Juntando a performance, volatilidade alta, aversão ao risco, tudo isso fez com o que o investidor buscasse instrumentos mais conservadores. Agora, no entanto, com a expectativa de queda dos juros se consolidando a atratividade de mais risco aumenta.”

De forma geral, os multimercados têm sofrido muito nos últimos meses, em especial a categoria macro, de acordo com o gestor de multimercados da AMW, gestora da Warren Investimentos, Eduardo Grübler.

Desde o início do ano, os multimercados macro estão com uma rentabilidade média de 0,56%, enquanto o CDI, principal benchmark da categoria, a rentabilidade é de 2,9%. Se compararmos os investimentos isentos, o desempenho dos multimercados fica ainda menos atraente.

Segundo Grübler, não é porque a classe vai mal que todos os fundos vão mal. Ele cita, por exemplo, um fundo multimercado da Warren que está indo muito bem em 12 meses, rodando a 170% do CDI. “No ano, está em 203%, boa parte porque não está apostando em juros”, conta.

fundos multimercados, Gestores de fundos multimercados veem luz no fim do túnel, Capital Aberto

Queda de juros no Brasil não beneficia multimercados

Embora o cenário macro global seja desfavorável, a queda de juros no Brasil deveria beneficiar os fundos multimercados, coisa que não tem acontecido. Para o economista-chefe da Planner Investimentos, Ricardo Martins,a desinflação americana mais lenta e uma posição mais tranquila do Fed em iniciar o ciclo de corte dos juros são as principais causas.

“A partir do momento em que o cenário fica nebuloso, turbulento, imprevisível, é certo que o retorno será mais trabalhoso diante das múltiplas oportunidades de alocação e sua relação com “portos seguros”, como é o caso da renda fixa ou crédito privado”, analisa Martins. “Logo, a captação para esses fundos passa a concorrer com outros perfis de fundos, com grande possibilidade de ser negativa e a alocação muito mais criteriosa e complexa, expondo-se aí até o maior risco de mercados menos óbvio que podem não se concretizar.”

Esse exemplo, inclusive, pode ser visto na taxa do Tesouro IPCA+2045 dos últimos 12 meses, que mostra que a curva de juros em vértices, que é como os gestores operam os juros nas carteiras, não têm cedido na mesma toada da nossa taxa básica de juros.

fundos multimercados, Gestores de fundos multimercados veem luz no fim do túnel, Capital Aberto

“Vira e mexe tem IPCA + 6% ao ano para todo mundo. Qual a tendência disso? Fica difícil para os gestores. Não adianta a Selic cair se os juros longos permanecem com esse tipo de volatilidade”, analisa o head de renda variável da Nippur Finance, Junior Reginatto.

O que esperar daqui para frente

Mesmo com a percepção de que o pior tenha ficado para trás, já que há uma expectativa de queda de juros no horizonte, tanto aqui quanto nos EUA, a quem diga que o cenário global possa deteriorar e acabar penalizando os ativos. 

De acordo com o economista-chefe da Planner, é preciso observar o cenário como um todo para fazer o diagnóstico, embora ele acredite que algumas classes possam se recuperar. “Tudo dependerá da deterioração e penalização do cenário. Contudo, talvez não seja suficiente para uma retomada generalizada.”

Do outro lado da corrente, há quem acredite que o pior já passou, com praticamente tudo precificado, a não ser em casos inesperados, como guerras, que tem o poder de virar o mundo de cabeça e mudar todas as expectativas.

Grübler nota que os regastes dos multimercados desaceleraram, inclusive com algumas gestoras reabrindo novos fundos deste tipo. “Se vai virar aporte, é difícil saber”, diz o gestor, acrescentando que o momento de entrar no multimercado é agora porque as coisas estão mais claras.

Recentemente, é verdade, os fundos multimercados tiveram essa “ameaça” de retomada, como em meados de 2023, mas que acabou não se concretizando, justamente por causa intempéries globais.

Para o head de renda variável da Nippur Finance,o principal gatilho da retomada está lá fora, uma vez que a queda de juros em outros mercados somada com a redução da Selic aqui, pode fazer uma combinação perfeita.

Diante disso, Reginatto alerta que só vai conseguir pegar esses movimentos abruptos quem já estiver posicionado. “O investidor médio, para variar, tende a chegar atrasado. Mas vai voltar, assim como a performance vai voltar também. Os bons gestores não desaprenderam a ganhar dinheiro. Só que essa luta está difícil mesmo para quem é faixa preta no mercado”.


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.