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Mais flexível, sustainability linked bond abre oportunidades para emissões de dívida
SLB permite às companhias atrair investidores ESG sem a obrigação de financiar um projeto específico
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Uma particularidade do SLB é que a dívida fica mais cara quando as metas não são cumpridas | Imagem: Freepik

A emissão de dívida para o financiamento de projetos sustentáveis e o aprimoramento dos indicadores ambientais, sociais e de governança (ESG) das empresas promete bater um novo recorde de operações em 2022. A agência Moody’s estima que títulos com essa finalidade devem alcançar a exorbitante cifra de 1,35 trilhão de dólares em captações no período. Se a projeção for confirmada, esses papéis passarão a responder por uma fatia de 15% do total de emissões de dívida no mundo. No ano passado, esse percentual foi de 11,3%, quase o dobro de 2020. 


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O Brasil vem acompanhando essa tendência. De acordo com dados atualizados da certificadora NINT, foram 120 operações do tipo em 2021, movimentando 86,10 bilhões de reais. Em 2022, até o mês passado, as empresas haviam emitido 36,97 bilhões de reais em dívidas ESG, num total de 45 transações.  

Mais liberdade 

Essa história começou 14 anos atrás, quando o Banco Mundial emitiu o primeiro green bond, título para o financiamento de projetos com benefício ambiental. De lá para cá, o mercado de dívida ESG evoluiu trazendo outros tipos de ativos, como o social e o sustainable bond, para financiamento de projetos sociais, e mais, recentemente, o sustainability linked bond (SLB).   


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Diferentemente de seus antecessores, o SLB não capta recursos para financiar um projeto específico ligado à sustentabilidade. A empresa tem mais liberdade sobre o uso do capital do investidor, mas precisa cumprir com metas ambientais e sociais atreladas à emissão da dívida, dentro de um prazo previamente estabelecido. “As metas devem ser materiais, relevantes e ambiciosas, representando uma melhora significativa dos indicadores-chave de desempenho [KPIs]. Não pode ser algo que seria atingido com o que a empresa faz atualmente”, explica Fernando Becker, advogado do Machado Meyer.  

Outra particularidade do SLB é que a dívida fica mais cara quando as metas não são cumpridas. Nesse caso, a emissora é obrigada a pagar um valor adicional sobre os juros do título. Suzano, Braskem Idesa e JBS estão na lista das empresas que fizeram captações bilionárias via SLBs. A Natura subiu a régua do mercado em maio do ano passado ao arrecadar 1 bilhão de dólares com uma emissão desses títulos no mercado internacional.  

“A gente viu a possibilidade de melhorar o custo da dívida”, diz Fernanda Facchini, gerente de sustentabilidade da Natura&Co na América Latina. A empresa passava por um momento de transição global, após a aquisição da Avon. “Já tínhamos uma visão de sustentabilidade estabelecida e uma série de indicadores monitorados. Com a chegada da Avon, isso se ampliou para todas as marcas”, afirma a executiva. 

Carbono neutro desde 2007, a Natura atrelou a emissão do SLB à meta de se tornar uma empresa net zero até 2030 (definição para empresas que, além de não adicionarem dióxido de carbono à atmosfera, garantem que seus fornecedores e clientes igualmente não o fazem). E também a um segundo indicador, de incorporação de material plástico reciclado pós-consumo.  

Ter indicadores e metas bem definidos é a melhor maneira de evitar o green ou o social washing — a prática de camuflar os impactos reais da atividade da empresa na natureza ou nas comunidades que a cercam. A organização que emite esse tipo de título é obrigada a apresentar relatórios anuais de evolução dos objetivos, que serão acompanhados por auditores externos e podem ser integrados a prestações de contas já existentes na companhia.  

Abertas para inovar 

É comum as emissoras do título buscarem o apoio de startups para alcançar as metas pretendidas. “A inovação aberta entra complementando a inovação que já existe na empresa. Faz mais sentido trazer para o jogo alguém que estuda e desenvolve há anos uma solução para determinado desafio, pois ele se resolve com mais rapidez”, afirma Anna Aranha, sócia-diretora do Quintessa.  

A aceleradora de impacto possui uma base de 5 mil startups mapeadas e faz o cruzamento dessas empresas inovadoras com as grandes companhias. “Para esse jogo dar certo, não é só encontrar as boas soluções das startups. As empresas precisam estar abertas para a inovação e preparadas para absorvê-la”, diz Anna.  

Interesse do exterior 

Luiza de Vasconcellos, sócia do Itaú BBA e líder da área de negócios ESG do banco, acredita que é uma questão de tempo para que a maioria das captações ocorra via emissão de SLBs. “Quando você olha para o mercado externo, há um apetite muito grande por esse tipo de título, porque há muitos fundos ESG com dinheiro dedicado a esse tipo de captação. No mercado local é um pouco diferente, pois não há tantos fundos como lá fora. O investidor [brasileiro] ainda não está demandando esse tipo de papel como nos Estados Unidos e Europa”, afirma. 

A flexibilidade no uso dos valores arrecadados via SLB tem mostrado uma tendência de maior uso do instrumento pelas empresas, em comparação com outros títulos de dívida ESG. Mesmo sem um projeto específico para financiar com os recursos captados, é importante que as empresas não negligenciem as metas com as quais se comprometeram. E que os investidores não esperem por fracassos — mas, ao contrário, por retornos ainda maiores.  

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