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Fundos anti-ESG perdem rentabilidade e apelo
Contrários a agendas políticas e ideológicas, veículos cresceram em quantidade, mas falham ao entregar resultados
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Apesar de terem crescido numericamente, os fundos anti-ESG têm se mostrado bem menos populares

Nos últimos seis anos, o número de fundos declaradamente anti-ESG nos Estados Unidos cresceu em mais de cinco vezes. De acordo com o último levantamento da provedora de dados norte-americana Morningstar, existem hoje ao menos 27 ETFs com exposição acima da média a setores considerados controversos em termos de governança, impacto social e ambiental. Juntos, eles possuem mais de 2 bilhões de dólares em recursos dos cotistas. Os fundos investem em fabricantes de armas, bebidas alcoólicas, empresas da indústria tabagista, cassinos e plataformas de apostas. Os criadores desses veículos de investimento argumentam que agendas políticas e ideológicas estão sendo um obstáculo à maximização de retornos financeiros. Mas, na prática, os fundos não têm mostrado rentabilidade diferenciada e seu apelo diminuiu.  


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Um exemplo disso é o DRLL, um ETF da Strive Asset Management, gestora baseada em Ohio que diz rejeitar a “agenda política míope” de desinvestimento em combustíveis fósseis 

. O fundo foi lançado em agosto do ano passado e captou 300 milhões de dólares em sua estreia. A Strive, que tem 750 milhões sob gestão, argumenta que o ESG reduziu a rentabilidade das companhias de energia dos Estados Unidos, levando a uma crise no setor. Mas a carteira de empresas do fundo DRLL não é muito diferente do XLE, da State Street Global Advisors. É o maior ETF de energia do mercado norte-americano e cobra taxas de administração mais baratas que as do fundo da Strive. Assim, o XLE tende a entregar maior retorno aos seus cotistas do que o DRLL – e sem discursos contrários a práticas sustentáveis.  

A diferença parece ter sido percebida pelos investidores. Apesar de terem crescido numericamente, os fundos anti-ESG têm se mostrado bem menos populares. Os números compilados pela Morningstar mostram que essas aplicações atingiram um pico de 377 milhões de dólares em novos aportes no terceiro trimestre de 2022. O dinheiro novo caiu pela metade, para 188 milhões nos três primeiros meses deste ano. Entre abril e maio, último dado disponível, os fundos captaram apenas 58 milhões.  

Em entrevista a Reuters, Alyssa Stankiewicz, co-autora do levantamento da Morningstar, afirma que a oferta de fundos anti-ESG ainda é pequena, já que a grande maioria dos gestores no mercado norte-americano vê importância considerável na avaliação de riscos sociais e ambientais, sobretudo climáticos. “Investir contra os princípios ESG pode ser bastante restritivo para algumas pessoas”, afirmou. Para Alyssa, esses fundos também podem ter sido impactados por uma onda de resgate de ETFs do ano passado para cá.  

A ascensão de fundos ESG está diretamente relacionada à adoção de políticas contrárias a práticas sustentáveis nos Estados norte-americanos governados pelo partido Republicano, sobretudo em regiões produtoras de petróleo e gás. O mais recente movimento nesse sentido ocorreu na Flórida, em maio deste ano. O governador Ron DeSantis sancionou um projeto de lei que proíbe autoridades estaduais de investir recursos na promoção de metas ESG e veda a emissão de títulos de dívida associados à sigla. DeSantis é um potencial candidato republicano nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Outro nome no páreo é Vivek Ramaswamy, co-fundador da Strive, a gestora de recursos anti-ESG.  

Texas, Oklahoma, Arkansas e Virgínia são outras unidades federativas que entraram nessa ofensiva, excluindo instituições financeiras que não investem em energias fósseis dos negócios com estatais ou obrigando fundos de pensão a retirar recursos de gestoras que discriminam as petroleiras em suas decisões de investimentos. A BlackRock informou que cerca de 4 bilhões de dólares foram sacados de seus fundos em estados republicanos.  

“Ironicamente, acusam o ESG de ser um movimento político quando são eles que, por razões políticas, querem impedir os gestores de terem em conta fatores como o clima ou questões sociais, riscos reai para o valor de uma carteira de investimentos”, afirmou Eric Pedersen, diretor da Nordea Asset Management, uma das gestoras boicotadas no Texas, em entrevista ao Jornal de Negócios, de Portugal. O executivo diz que não vê movimento semelhante na Europa, onde a grande maioria das forças políticas continua a apoiar a agenda climática.  

O estado norte-americano de Indiana até tentou emplacar um projeto de lei anti-ESG. Mas os próprios republicanos que governam o Estado reconheceram que seus fundos de pensão deixariam de receber algo em torno de 7 bilhões de dólares nos próximos dez anos caso excluíssem empresas alinhadas a práticas sustentáveis de seus investimentos. Um estudo da Wharton School of Business aponta que o Texas terá que pagar até 532 milhões de dólares em juros a mais sobre seus títulos, ao banir os maiores bancos emissores de sua jurisdição. São provas de que esse tipo de legislação está mais preocupada em atacar uma agenda de impacto social e ambiental, com propósitos políticos, do que de fato garantir rentabilidade e reduzir custos aos contribuintes.  

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