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Como a direita reacionária quer extinguir a prática ESG
Represália à economia sustentável é parte de um discurso de combate a pautas progressistas que estariam atrapalhando as finanças e politizando os negócios
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A disparada na cotação do petróleo no último ano parece ter sido o catalisador do movimento anti-ESG | Imagem: Freepik

Houve um tempo em que os ataques às iniciativas ESG se resumiam a meros comentários em redes sociais. Entravam no pacote de discursos conservadores contra tudo o que parecia ser “de esquerda”. Mas hoje, o anti-ESG já não se resume a memes debochados sobre Greta Thunberg. O movimento ganhou força de maneira perigosa na esfera pública e ameaça drenar bilhões das gestoras que baseiam suas escolhas sob a ótica de impactos sociais e, sobretudo, ambientais.  


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A disparada na cotação do petróleo no último ano parece ter sido o catalisador dessa rixa. Muitos colocam a culpa da escalada de preços da commodity na transição energética para uma economia de baixo carbono. Acordos internacionais para reduzir a emissão de gases do efeito estufa teriam desestimulado investimentos em combustíveis fósseis ao longo das últimas décadas.  

Naturalmente, os grandes veículos de investimento buscaram se adaptar à nova realidade, aderindo a critérios ESG. Os próprios órgãos reguladores dos mercados criaram normas nesse sentido, atendendo à demanda por sustentabilidade de diferentes stakeholders. As grandes empresas e suas altas lideranças abraçaram as iniciativas. Parecia não haver pontas soltas. 

Mas eis que o maior produtor de petróleo dos Estados Unidos, o Texas, lançou uma ofensiva contra as práticas ESG, alegando que as empresas de energia estão sendo boicotadas. Fundos de pensão de funcionários públicos do estado foram obrigados a vender cotas e ações de dez instituições de capital aberto como BlackRock, Credit Suisse e BNP Paribas, e outras 350 correm o risco de ser alvo de desinvestimento. As casas passaram a ser rejeitadas por escolher a dedo onde alocar os recursos de seus investidores.  

A assembleia legislativa texana transformou o anti-ESG em lei, e outros estados norte-americanos ensaiam ir pelo mesmo caminho. O governador da Flórida, Ron DeSantis, aprovou uma resolução que orienta os fundos de pensão do estado a não tomar decisões de investimento com base em critérios de sustentabilidade, mas sim priorizar o máximo de retorno financeiro. DeSantis tem dito que o ESG ameaça a economia e a liberdade dos americanos.  

Fundos na mira do anti-ESG 

Conforme apurou o jornal Financial Times, outros quatro estados norte-americanos devem retirar 1 bilhão de dólares que estavam investidos em fundos da BlackRock até o final do ano: Louisiana, Carolina do Sul, Utah e Arkansas. Todos são governados pelo partido Republicano, que tenta formar maioria nas eleições para o Congresso norte-americano no mês que vem.  

“Eu me recuso a gastar um centavo dos fundos do Tesouro com uma empresa que vai tirar comida das mesas, dinheiro dos bolsos e empregos dos trabalhadores da Louisiana”, disse o tesoureiro do estado, John Schroder, de acordo com a reportagem do jornal britânico publicada este mês. A represália ao ESG é parte de um discurso de combate a pautas progressistas que, de acordo com os críticos, estariam atrapalhando decisões financeiras e politizando questões de negócios.  

A BlackRock nega que esteja boicotando combustíveis fósseis e afirma ter mais de 100 bilhões de dólares investidos em empresas de energia do Texas. A maior gestora de recursos do mundo também tem posição acionária relevante nas petrolíferas ConocoPhilips e Exxon Mobil. “Não ditamos como os clientes devem investir; nós oferecemos uma ampla gama de escolha”, diz o texto em uma página da instituição na internet, criada para detalhar sua estratégia de investimentos, em resposta às acusações.  

“Nossa consideração dos riscos e oportunidades de uma transição para uma economia de baixo carbono tem o interesse de obter os melhores resultados financeiros de longo prazo para nossos clientes e é totalmente consistente com nosso dever fiduciário”, diz a BlackRock. 

“Estratégia perniciosa” 

Por trás da ofensiva ao ESG nos Estados Unidos estão nomes que pretendem concorrer às eleições presidenciais no país em 2024. Além do próprio DeSantis, da Flórida, o ex-vice de Donald Trump, Mike Pence, pretende se candidatar à corrida pela Casa Branca. 

“ESG é uma estratégia perniciosa, porque permite à esquerda realizar o que nunca poderia esperar alcançar nas urnas ou através da competição no mercado livre”, escreveu Pence, em artigo para o Wall Street Journal, publicado em maio deste ano. O ex-vice presidente disse ainda que o governo de Joe Biden está “armando” o sistema financeiro para interromper o crescimento do setor de energia “em nome do extremismo ambiental”.  

O que tem se mostrado indubitavelmente extremo é o clima, com ondas de calor, incêndios e enchentes. A Organização das Nações Unidas (ONU) já está cansada de alertar sobre o risco de uma catástrofe climática caso medidas mais eficazes contra o aquecimento global não sejam tomadas.  

Os defensores do ESG, por sua vez, parecem não se sentir intimidados pelo movimento reacionário de ataque à sustentabilidade que ganhou força na maior economia do mundo. Além de não verem espaço para essas ideias prosperarem dentro das novas gerações, acreditam que a oposição pode até dar mais visibilidade ao tema e a sua importância na construção de um futuro mais sustentável e menos desigual.   

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