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Bancos ampliam participação na busca por uma economia verde
Falta de rastreabilidade direta dos produtos rurais e limitação à pecuária e ao bioma amazônico, porém, não se alinham com a urgência do tema
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Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, existem 20 mil fornecedores bloqueados por inconformidades socioambientais | Imagem: Freepik

Por estarem no centro das cadeias produtivas, os bancos têm um importante papel no desenvolvimento de uma economia sustentável. Partindo dessa premissa, as maiores instituições financeiras do País deram um passo importante em prol da preservação das florestas. Para conseguir empréstimos, os frigoríficos vão precisar provar que não compram gado criado em zonas de desmatamento na Amazônia Legal e no Maranhão. Os bancos vão ter de exigir que matadouros e processadores implementem, até dezembro de 2025, sistemas de rastreabilidade e monitoramento que identifiquem a origem da matéria-prima.  


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A regra faz parte de um novo normativo aprovado pelo Conselho de Autorregulação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A entidade informou que 21 instituições financeiras aderiram ao protocolo, assumindo a obrigação de cobrar dos frigoríficos mais detalhes sobre seus fornecedores, sejam eles diretos ou indiretos. O nível de detalhamento das informações exigidas é amplo e contempla aspectos sociais, como a verificação de prática de trabalho análogo à escravidão nas empresas que fornecem gado à indústria. Além disso, os frigoríficos vão precisar divulgar, periodicamente, indicadores de desempenho.  

Ação conjunta 

Os próprios bancos vão definir como os tomadores de crédito devem se adequar às exigências, estabelecer incentivos e penalidades. “O setor tem consciência de que é necessário avançar no gerenciamento e na mitigação dos riscos sociais, ambientais e climáticos nos negócios com seus clientes e canalizar cada vez mais recursos para financiar a transição para a economia verde”, afirmou, em nota, Isaac Sidney, presidente da Febraban.   

De maneira geral, os analistas do mercado que acompanham o setor viram a novidade com bons olhos. “A regulação proposta pela Febraban deverá melhorar a dinâmica de concessão de crédito no Brasil”, diz relatório do Bradesco BBI. “Na nossa visão, a iniciativa aumentará o monitoramento do desmatamento e provavelmente contribuirá para sua redução, especialmente à medida que as empresas começam a fortalecer suas políticas de rastreamento e gestão de fornecedores”, avaliam Marcella Ungaretti e Luiza Aguiar, analistas ESG da XP.  

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo. Só no ano passado, vendeu 2,9 milhões de toneladas para o exterior, 25% a mais que em 2021. A pecuária, por sua vez, é a atividade mais associada ao desmatamento no País. É verdade que os grandes bancos já costumam ter áreas que avaliam riscos socioambientais e climáticos ao conceder crédito. Porém, ao aderir formalmente a um protocolo de exigência de rastreabilidade da cadeia produtiva, ajudam a atender às exigências cada vez mais rigorosas dos importadores. Em abril deste ano, o Parlamento Europeu aprovou o veto à importação de produtos ligados ao desmatamento nos 27 países do bloco.  

Quem é responsável? 

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) se manifestou sobre o normativo da Febraban, afirmando que seus associados já utilizam ferramentas avançadas para monitorar fornecedores e garantir que todos estão em conformidade com as políticas socioambientais. Mas, na visão da entidade, os bancos precisam exigir sistemas de rastreabilidade dos próprios produtores rurais, que também são clientes dessas instituições.  “Nós assumimos nossas responsabilidades, mas não aceitamos que outros setores terceirizem as suas responsabilidades para os frigoríficos”, diz nota da Abiec.  

De acordo com a associação, existem 20 mil fornecedores bloqueados por inconformidades socioambientais. “Os frigoríficos cortam relações comerciais com estes fornecedores, mas é possível que eles continuem tendo relações comerciais com o setor financeiro”, afirma a Abiec. “Os fornecedores indiretos da indústria são clientes diretos de bancos, portanto é responsabilidade dessas instituições conhecer o seu cliente”. 

A Febraban reconhece que há entraves para que essa rastreabilidade alcance toda a cadeia produtiva, em especial os fornecedores dos frigoríficos. “Esses desafios passam pela existência de bases de dados atualizadas, precisas e abrangentes, além da própria capacidade de pequenos pecuaristas, por exemplo, em se adequar”, afirma Amaury Oliva, diretor de sustentabilidade da Federação.   

Para Fabio Alperowitch, especialista em investimentos ESG e sócio da FAMA Investimentos, o protocolo anunciado pela Febraban vai na direção certa, mas falha em se restringir à atividade pecuária e em incluir apenas o bioma amazônico. Na prática, ele observa, desmatar a Amazônia para plantar soja ou desmatar o cerrado para a pecuária seguem como atividades liberadas. 

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