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Novas fronteiras surgem para o investimento de impacto
Mensuração, reporte dos resultados e alinhamento da remuneração dos gestores são as próximas etapas a serem superadas
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Investidores que desejam usar o histórico de impacto social e ambiental de uma empresa para avaliar oportunidades futuras encontram poucos dados úteis

O investimento de impacto ganhou muita força nos últimos anos. Os ativos globais sob gestão ultrapassaram 1 trilhão de dólares, de acordo com levantamento mais recente do Global Impact Investing Network (GIIN). Esse movimento crescente chamou a atenção de investidores experientes e dos novos, transformando o cenário de investimentos como o conhecemos. Vários bancos tradicionais, como Credit Suisse e UBS, estão lançando veículos de impacto dedicados a integrar esses novos investidores.  


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A inserção de uma lente de impacto na análise das oportunidades de investimento levou ao desenvolvimento de diferentes produtos financeiros. Isso inclui os fundos de venture capital de impacto, os títulos verdes (green bonds), os títulos de impacto social (impact bonds), os fundos de crédito focados em negócios de impacto e os fundos de ações que combinam empresas listadas que criam impacto socioeconômico positivo e ativamente o mensuram. 

Governos e órgãos reguladores em todo o mundo também estão reconhecendo o potencial do investimento de impacto e promovendo seu crescimento. O Plano de Ação para Finanças Sustentáveis ​​da União Europeia, por exemplo, visa mobilizar capital privado para esse tipo de investimento, demonstrando um compromisso de reformar o setor financeiro para melhor. 

Impacto com retorno 

No Brasil, a Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) mapeou 18 bilhões de reais de ativos sob gestão em investimento de impacto em 2021, valor 60% superior ao mapeado em 2020. Os setores mais visados por investidores de impacto por aqui incluem microcrédito e serviços financeiros, alimentos e agricultura, saúde e educação. Em relação ao perfil dos alocadores, mais da metade são gestores de fundos com fins lucrativos, seguidos por fundações e institutos.  

Além disso, alguns trabalhos têm mostrado o potencial de retorno do investimento. O primeiro estudo de benchmark de investimento de impacto conhecido foi desenvolvido em 2015 pela Cambridge Associates e pela Global Impact Investing Network (GIIN) e mostrou que a taxa interna de retorno do quartil superior dos investimentos de impacto atingiu 9,7% ou mais, em linha com o retorno médio dos 10% do topo do S&P 500.  

As descobertas do estudo foram comparadas com as de um outro levantamento feito em 2015 com 32 fundos de investimento de impacto da Wharton Business School. E também com um estudo de 2017 da McKinsey & Company que analisou 48 saídas de investimentos de impacto de private equity e encontrou taxas internas brutas médias de retorno de 9,2% e 11%, respectivamente. Quando tomados em conjunto, esses três estudos demonstram que, ao longo do tempo, os fundos de investimento de impacto podem atingir ou superar seus benchmarks. 

Ausência de medições 

Há, contudo, um problema: embora o mundo dos negócios tenha várias ferramentas universalmente aceitas — como a taxa interna de retorno — para estimar os rendimentos financeiros de um investimento potencial, não existe nenhuma análoga para avaliar o impacto social e ambiental esperado nesses termos. Além disso, os investidores que desejam usar o histórico de impacto social e ambiental de uma empresa para avaliar oportunidades futuras também encontram poucos dados úteis. O relatório de aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) é agora uma prática padrão para a maioria das grandes e médias empresas do mundo, mas geralmente se limita a informações sobre compromissos e processos, raramente relatando o impacto real nos clientes ou na sociedade. 

Alguns esforços tem sido lançados na direção de políticas mais claras de mensuração e reporte. Um deles é o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis ​​(SFDR) da UE, que introduz vários requisitos relacionados à divulgação com o objetivo de diminuir a inconsistência nos produtos de impacto ​​atualmente fornecidos pelo mercado financeiro. Embora não haja uma maneira padronizada para os fundos medirem o impacto de seus investimentos, ferramentas como o IRIS+ da GIIN já estão sendo amplamente utilizadas para criar critérios comparáveis, scorecards e estruturas para avaliação de impacto e desempenho de fundos.  

Incentivos certos 

Junto ao desenvolvimento de metodologias para mensuração de impacto, avança a discussão sobre compensações para gestores de recursos baseadas no impacto socioambiental gerado por seus investimentos. Se o fundo não atender ao critério de impacto, parte da remuneração do gestor poderá ser perdida; se o fundo exceder o objetivo de impacto, o gestor pode ganhar além da média de mercado. Por exemplo, o Princípio 2 dos Princípios Operacionais para Gestão do IFC declara que os gestores de fundos devem considerar o alinhamento da remuneração à realização dos objetivos de impacto. 

O futuro das finanças está intimamente conectado com o avanço do investimento de impacto. Esta é uma abordagem que tende a ser aplicada em escala conforme os agentes de mercado encontrarem métodos mais maduros e padronizados de mensuração. Com a mudança climática, a desigualdade social e a falta de acesso a serviços de saúde e educação tornando-se questões cada vez mais críticas, o investimento de impacto oferece uma solução viável. Ao direcionar capital para empresas que enfrentam ativamente esses desafios, os investidores de impacto não apenas contribuem para uma mudança positiva, mas também se posicionam para capitalizar as oportunidades de um futuro sustentável e inclusivo. 

*Itali Collini é economista, investidora-anjo e diretora da Potencia Ventures 

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