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Oi confronta investidores em batalha para reduzir sua dívida à metade
Conversão de créditos em capital revolta acionistas, que consideram a diluição absurda; empresa defende que faz sentido ter menos de um ativo que vale mais
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Um movimento autodenominado “Revolta das Sardinhas”, puxado por acionistas minoritários, conclama o maior número possível de investidores a se posicionar contra a diluição | Imagem: Freepik

Os acionistas da Oi acompanharam com preocupação o segundo plano de recuperação judicial da companhia, aceito, na última semana, pela 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Além da intenção de vender ativos considerados fundamentais ao novo modelo de negócio da empresa, com a finalidade de pagar dívidas, a reestruturação poderá diluir ainda mais a participação dos atuais investidores da operadora. A Oi quer reduzir pela metade sua dívida financeira de aproximadamente 30 bilhões de reais convertendo créditos em participação acionária.  


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“É um passo crítico para reduzir a alavancagem e criar uma companhia com uma estrutura de capital sustentável, com prazos e custos de dívida compatíveis com a expectativa de geração de caixa futura da companhia”, afirmou Rodrigo Abreu, CEO da operadora, durante a teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2022. O balanço foi divulgado com mais de dois meses de atraso.

Operacionalmente viável 

A conversão da dívida equivale a um aumento de capital. Se, por um lado, reduz o endividamento da Oi, por outro diminui a participação dos atuais acionistas para 20% da sociedade. Os credores financeiros, que ainda precisam aderir à proposta, ficariam com 80% do capital social reorganizado. “Essa diluição é necessária por ser resultante da conversão de um volume de dívida que é muitas vezes superior ao valor total de mercado da companhia hoje”, afirmou Abreu.  

O CEO explica que o direito de preferência dos acionistas no aumento de capital será respeitado, conforme prevê a Lei das Sociedades por Ações. O problema é que, na conversão da dívida, a ação sairia por um valor acima do negociado no mercado. “Esse aumento de capital vai ser feito em valor elevado, por conta da conversão, mas caso exista esse interesse [dos atuais acionistas], essa possibilidade legal está mantida”. 

Abreu defendeu a operação, alegando que os atuais investidores da Oi vão manter um pedaço importante da base acionária, em uma empresa mais sustentável, com melhores condições para gerar resultados no futuro. “Vamos passar a ter um grupo relevante de investidores institucionais, alinhando o interesse de credores com o dos atuais acionistas de que a companhia seja operacionalmente viável”, afirmou.      

Diluição controversa 

Contudo, as explicações dadas durante a conferência com analistas e investidores parecem não ter sido muito convincentes. Na internet, um movimento autodenominado “Revolta das Sardinhas”, puxado por acionistas minoritários, conclama o maior número possível de investidores da empresa a se posicionar contra a diluição, que o grupo classifica como “absurda”. Em uma outra conversão de dívida em ações, realizada em 2018, a base acionária da Oi já havia sido diluída em 72%. Os “sardinhas” afirmam que os credores viraram acionistas, venderam os papéis e “sumiram”.  

No último mês de fevereiro, o Instituto Empresa, entidade civil que atua em defesa de investidores minoritários do mercado de capitais, solicitou ao Ministério Público do Rio de Janeiro e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que apurassem possíveis práticas de manipulação de mercado pela Oi. O episódio ocorreu logo depois que a companhia entrou com pedido de proteção judicial contra seus credores, via medida cautelar. Os acionistas alegavam que o movimento era incompatível com o cenário otimista desenhado pela Oi depois de sair oficialmente da primeira recuperação judicial, em dezembro do ano passado.  

Na última teleconferência de resultados trimestrais, Rodrigo Abreu disse que o segundo pedido de recuperação judicial era o caminho mais adequado para a sustentabilidade da empresa. “Esse nunca vai ser o desejo de uma empresa, mas não pode ser ignorado como um instrumento importante para um processo de reestruturação”, afirmou. Ainda de acordo com o CEO, a Oi nunca tratou a saída da recuperação judicial como resolução de todos os problemas da companhia. 

“Nossa comunicação sempre enfatizou que havíamos cumprido com todas as etapas do processo, mas que tínhamos muitos desafios a enfrentar”, afirmou. Esses desafios parecem mais evidentes agora, com a Oi se mostrando disposta a reduzir, a qualquer custo, sua dívida total de 44,3 bilhões de reais. A lista de ativos que a empresa poderá vender inclui um pedaço adicional de sua participação na V.tal, rede neutra de fibra óptica da qual já foi controladora; a Oi Soluções, unidade de serviços para empresas, parte relevante do novo core business da companhia; e 40% de sua base de usuários de banda larga, hoje com 3,86 milhões de clientes.  

Ativos à venda 

A CAPITAL ABERTO apurou com uma fonte próxima ao segundo processo de recuperação judicial da Oi que a empresa optou por elaborar um plano que fosse o mais flexível possível, para o caso de “uma necessidade”. “Não quer dizer que esses ativos serão vendidos, a princípio eles serão dados como garantias para novos recursos que entrarem na companhia”, disse a fonte.  

E enquanto os investidores brigam por preservar sua participação na base acionária da companhia, as poucas casas de análise que ainda acompanham a Oi recomendam a venda das ações. “É positivo o fato de a recuperação judicial ter sido aprovada. No entanto, devido à atual situação da empresa, com baixa geração de caixa e perspectivas incertas para o futuro […], estamos alterando nossa recomendação de manter para vender”, diz relatório da Genial Investimentos publicado na semana passada. A corretora ainda reduziu o preço-alvo do papel, de R$ 2,30 para R$ 1,40. Um cenário que afasta ainda mais a chance de participação dos “sardinhas” no próximo aumento de capital da companhia.  

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