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Ofertas follow-on prenunciam fim do jejum de IPOs
Com tendência de queda dos juros, espera-se a retomada das ofertas iniciais de ações ainda este ano, sobretudo no quarto trimestre. Investidores, contudo, estarão mais seletivos
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As empresas estão encontrando, de modo geral, condições mais adequadas para precificar suas ofertas

Há quase dois anos, a bolsa brasileira não registra uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) — aquela que, com o primeiro lançamento de papéis, inaugura a jornada de uma companhia no pregão. Mas, a julgar pela quantidade de ofertas subsequentes que vêm acontecendo ao longo de 2023, aquelas promovidas por companhias com ações já negociadas na bolsa e chamadas de ofertas follow-on, esse jejum pode estar próximo do fim.


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Entre janeiro e junho deste ano, a B3 registrou nove ofertas follow-on. Juntas, elas movimentaram mais de 15 bilhões de reais. A maior foi a da Localiza, que encontrou um excesso de demanda entre investidores e captou 4,5 bilhões de reais. A companhia vai utilizar os recursos para aumentar sua frota de veículos e expandir as operações.

Já em julho, contudo, a Localiza perdeu o posto de maior oferta subsequente do ano para a BRF. A dona das marcas Sadia e Perdigão levantou 5,4 bilhões, que vão reforçar a estrutura de capital da companhia e reduzir sua alavancagem. Assim, a fila de ofertas follow-on cresceu ainda mais. MRV, Direcional e Hidrovias do Brasil se juntaram, elevando o montante dessas operações a 22,3 bilhões de reais no acumulado do ano até agora.

Rumo ao dobro

As ofertas subsequentes já vinham aquecendo o mercado no ano passado. Um total de 19 operações movimentaram 55,7 bilhões de reais em 2022, incluindo a gigante porção de 34 bilhões de reais da capitalização da Eletrobras, que inflou a cifra. Agora, analistas acreditam que o número de ofertas follow-on tem chances de dobrar em 2023, podendo movimentar até 50 bilhões de reais. E enxergam, também, uma mudança no perfil das captações.

Na primeira metade do ano, empresas como Assaí, Smarfit e Orizon recorreram à oferta para viabilizar a saída de investidores relevantes da sua base acionária. Dasa, Hapvida e CVC distribuíram ações para aliviar dívidas. A Oncoclínas, para aumentar sua liquidez na bolsa, depois que sua ação virou a mais nova “queridinha” do setor de saúde. Já as operações mais recentes, de MRV e Direcional, são de companhias que querem reforçar o caixa aproveitando o ciclo de queda dos juros, previsto para começar agora em agosto. Nos próximos dias, a empresa de medicamentos Viveo poderá movimentar 1,4 bilhão em uma oferta follow-on cujo objetivo também é constituir capital de giro.

Múltiplos em ascensão

Os juros mais baixos são vistos como fundamentais para estimular a demanda no mercado de ações. E a expectativa de cortes na Selic não só despertou o interesse do investidor pelas ofertas follow-on como permitiu que as operações deste ano saíssem com poucos descontos sobre os papéis. As empresas estão encontrando, de modo geral, condições mais adequadas para precificar suas ofertas. As ações continuam sendo vistas como relativamente baratas, mas, aos poucos, seus múltiplos vêm melhorando. No acumulado do ano até agora, o Ibovespa acumula alta de aproximadamente 13% e, na última semana, o índice ultrapassou os 120 mil pontos.

A melhora do humor é amparada também pelo avanço de importantes pautas econômicas no Congresso Nacional. O novo arcabouço fiscal está mais próximo da sanção presidencial e o entendimento inédito na Câmara sobre a reforma tributária compôs o clima de entusiasmo. As agências globais de classificação de risco melhoraram suas avaliações sobre o Brasil. E, para completar, com o bom desempenho do mercado de ações nos Estados Unidos, o investidor estrangeiro tem se sentido mais seguro para tomar risco em países emergentes. Um mosaico que explica o sucesso das ofertas follow-on.

IPOs à vista

Enquanto as ofertas subsequentes ressurgem, a “seca” de IPOs no mercado de capitais brasileiro continua sendo a maior desde 2014. Parece que a tendência de queda de juros ainda precisa ser confirmada, com resposta positiva da bolsa, para que as ofertas inaugurais voltem a ocorrer. A expectativa, contudo, é de retomada ainda este ano, sobretudo no quarto trimestre. Antes da janela se fechar, havia em torno de 90 empresas na fila, se preparando para abrir o capital. Mas os agentes do mercado acham difícil que todas elas sigam com suas transações quando a reabertura acontecer.

Em 2021, período marcado pelo excesso de liquidez no mercado global e juros de um dígito, ocorreram 46 IPOs na B3. A maioria das novatas acumula perdas expressivas desde a estreia, ainda que muitas tenham se recuperado parcialmente este ano. Operações menores, como muitas que aconteceram na época desse boom, tendem, entretanto, a não se repetir quando as ofertas iniciais voltarem este ano. Afinal, a turbulência que o mercado enfrentou nos últimos tempos mostrou não ser fácil livrar-se dos papéis de empresas com liquidez baixa em momentos ruins. O desempenho das recentes ofertas follow-on poderá abrir, sim, um precedente para a retomada de IPOs. Mas a tendência é que empresas e investidores sejam muito mais seletivos de agora em diante.

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