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Pior crise energética da história torna-se combustível para recessão global
Desequilíbrios causados por pandemia e guerra na Ucrânia trazem desafios para as economias, além de riscos nos campos ambiental e social
Pior crise energética da história torna-se combustível para recessão global
A disparada do preço do petróleo virou munição para críticos das iniciativas ESG | Imagem: Freepik

O inverno na Europa se aproxima, e a previsão é de temperaturas mais altas que o normal para a estação que começa oficialmente em dezembro. Ao menos essa é a indicação de agências que monitoram os efeitos do aquecimento global sobre o clima no mundo. Mesmo se tratando de uma situação atípica, fruto de desequilíbrios nocivos, a expectativa de um inverno menos rigoroso acaba sendo positiva no momento atual, em que os europeus enfrentam a pior crise energética de sua história.  


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O descasamento entre oferta e demanda gerado pela retomada da atividade econômica, após o fim das restrições da pandemia, se agravou com a invasão russa à Ucrânia. O conflito bélico por si só impactou a logística de distribuição de petróleo e gás nas cadeias globais. E a guerra econômica instaurada logo em seguida piorou a situação. Faz quase dois meses que a Rússia interrompeu o fornecimento de gás à Europa, em resposta às sanções impostas pelo Ocidente ao governo de Vladimir Putin. O continente importava dos russos cerca de 40% do gás que consumia. O impacto nos preços foi imediato, e os custos de energia atingiram novos recordes, bem antes da chegada da estação mais fria do ano. 

Vetor da inflação global 

A crise energética é pano de fundo para o quadro inflacionário que se instaurou na União Europeia e no Reino Unido. A escalada de preços gerou uma turbulência econômica entre os britânicos que custou o mandato de sua mais recente premiê. Na última quinta-feira, 20, Liz Truss renunciou ao cargo no qual permaneceu por apenas 44 dias.  

A primeira-ministra planejava compensar a maior inflação em 40 anos, impulsionada por elevados custos de energia, com cortes maciços de impostos. Mas a medida se mostrou impopular no mercado financeiro, que reagiu de forma extremamente negativa, e a imagem de Truss rapidamente se deteriorou.  

Na zona do euro, os custos energéticos têm afastado a inflação da meta e fizeram o Banco Central Europeu (BCE) subir os juros pela primeira vez em mais de dez anos. Christine Lagarde, presidente do BCE, tem dito repetidamente que a energia vai continuar impulsionando os preços no bloco e que a autoridade monetária responderá ao quadro. Ou seja: o ciclo de aperto monetário vai continuar. 

Combustível para a recessão 

Para os analistas da BlackRock, os bancos centrais podem esmagar ainda mais a atividade econômica tentando combater a inflação alta. A crise energética corrói as margens das empresas e tem levado ao fechamento de fábricas na Europa, principalmente daquelas mais intensivas em energia, como as indústrias siderúrgica e de fertilizantes. Empregos estão sendo suspensos, e o poder de compra das pessoas diminui cada vez mais. O mundo todo caminha na direção de uma recessão.  

A crise também tem trazido questionamentos sobre a tão necessária e urgente transição de combustíveis fósseis para energia limpa. A disparada do preço do petróleo, por exemplo, virou munição para críticos das iniciativas ESG. Muitos deles culpam a falta de investimentos no setor pela situação atual, depois dos inúmeros acordos internacionais para reduzir emissões de poluentes.  

Carvão em alta 

O risco de um retrocesso nesse campo é real. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima o consumo de 8 bilhões de toneladas de carvão, em todo o mundo, em 2022 — o maior volume em quase uma década, caso a previsão se confirme. O carvão tornou-se mais competitivo em alguns mercados por conta da elevação nos preços do gás natural. Na União Europeia, o consumo da matéria-prima, uma das mais poluentes em termos de emissão de CO2, deve crescer 7% em 2022.  

Por enquanto, os países europeus têm conseguido estocar gás natural para garantir o aquecimento durante o inverno. Mas a AIE alerta que o alívio é temporário e prevê uma crise ainda mais aguda no ano que vem, quando os tanques forem drenados. O Goldman Sachs projeta que os europeus gastarão 2 trilhões de euros em contas de energia no ano que vem. 

Mais pobres sofrem mais 

O impacto da crise em nações emergentes é ainda maior. Paquistão e Bangladesh enfrentam cortes de energia e restrições nos horários de funcionamento do comércio, para reduzir o consumo de combustíveis. Com a oferta escassa, os países mais pobres pagam o preço de primeiro mundo pelo gás, disputado pelos europeus. E, ao contrário de seus concorrentes, não conseguem implementar subsídios que possam amenizar essa dificuldade.  

Situações semelhantes vividas pelo mundo no passado, como o choque do petróleo na década de 1970, resultaram em progressos para eficiência energética e energias limpas. A atual crise também poderá deixar uma herança positiva para o futuro. Afinal, esses temas não só evoluíram de forma considerável nas últimas décadas, como se tornaram ainda mais urgentes.  

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