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Gigantes do petróleo contra a parede
Pressões evidenciam necessidade de transição para modelos mais sustentáveis de negócios
Daniel Izzo
Daniel Izzo, sócio-cofundador da Vox Capital | Ilustração: Julia Padula

O mês de maio de 2021 entrou para a história da política ambiental. Em um único dia, três gigantes petrolíferas — Shell, ExxonMobil e Chevron — sofreram derrotas diante de pressões governamentais e de conselhos para beneficiarem a causa climática e “esverdearem” suas operações. 

As decisões evidenciam o aumento da preocupação com questões climáticas e a pressão crescente da população, de investidores e de líderes governamentais para um futuro com energia mais limpa e renovável. A onda cresceu tanto que agora impacta — sem medo — empresas tradicionais do mercado. 

Redução de emissões 

O tribunal de Haia, na Holanda, decidiu a favor de ativistas do clima em ação contra a Shell. A sentença determinou que a empresa diminua em 45% suas emissões até 2030 para andar de acordo com o Acordo de Paris — um ritmo muito mais acelerado do que o planejado.  

Na ExxonMobil, os acionistas votaram a favor da substituição de parte do conselho atual (pelo menos dois membros) por diretores mais aptos a combater mudanças climáticas. A pauta foi proposta pelo Engine Nº 1, fundo de investimento criado com o propósito de criar valor de longo prazo gerando um impacto positivo e apoiada publicamente em nota pela BlackRock, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo e o segundo maior acionista da empresa. 

Já na americana Chevron, 61% dos acionistas votaram a favor de uma proposta para que reduza substancialmente suas emissões relacionadas a produtos sob o escopo 3, que decorrem da atividade da empresa mas não são controladas por ela. Uma segunda proposta foi derrotada por muito pouco: foram 48% de votos a favor da ideia que exigia da companhia um relatório sobre seu impacto na emissão líquida dos gases de efeito estufa até 2050.


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 Com a cadeia de energia em alta na agenda global, empresas desse setor, investidores e governos precisam pensar qual é a direção mais benéfica para a sociedade e, consequentemente, para o meio ambiente. Mesmo que nunca cheguemos a um consenso universal para essa questão, todos os caminhos estão apontando para o mesmo lugar: consciência da ação ambiental, para que não sigamos a um futuro de agravamento sem volta da crise. 

Alerta para setor de óleo e gás 

Essas notícias são um alerta para todo setor de óleo e gás, inclusive do Brasil, que precisa correr com a mudança para uma economia de baixo carbono. É isso ou terão — em breve — dificuldades no acesso a investimentos. Qual caminho devem seguir? Essa é uma pergunta que cada empresa terá que responder olhando para seu próprio negócio, mas se eu puder dar uma sugestão, indico que olhem para as diversas matrizes de energia renovável e invistam fortemente em inovação nessa área.  

Ações como as que colocaram as petroleiras contra a parede se tornarão cada vez mais comuns. Quanto mais a população se informar e souber dos riscos que a humanidade está correndo, maior será a cobrança sobre empresas, investidores e governos. E isso é bom não só para o planeta, mas também para as empresas.  

Quanto mais os negócios olharem para o futuro, mais sustentáveis eles serão e mais rentabilidade conseguirão no longo prazo. É claro que o caminho a trilhar é cheio de obstáculos, que exigirão concessões, inclusive relacionadas aos resultados. Mas é o único caminho possível. Não há lucro capaz de garantir a nossa sobrevivência. A vida será sempre prioridade. 


Daniel Izzo ([email protected]) é sócio-cofundador da Vox Capital

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