Pesquisar
Close this search box.
O boom do Fiagro em apenas um ano de história
Fundos voltados ao agro poderão alcançar em dois anos o total de investidores que os FIIs levaram uma década para conseguir
Fiagro, O boom do Fiagro em apenas um ano de história, Capital Aberto
Segundo a Anbima, os Fiagros já têm patrimônio líquido superior a 6 bilhões de reais e mais de 85 mil cotistas | Imagem: Freepik

O valor bruto de produção (VBP) da agropecuária brasileira em 2022 atingiu 1,188 trilhão de reais no último mês de setembro. Apesar da cifra pujante, o setor tem dificuldades em superar ou mesmo repetir o número do ano passado. Em 2021, o VBP bateu recorde, chegando a 1,129 trilhão de reais. O resultado deste ano tem sido negativamente impactado pela falta de chuvas em regiões produtoras, sobretudo no Sul do país. A seca diminui a produtividade no campo, especialmente nas lavouras de soja, considerada carro chefe do agronegócio brasileiro.  


A Capital Aberto tem um curso online sobre agronegócio e o mercado de capitais. Saiba mais!


Sujeita a intempéries climáticas e às dinâmicas de preço do mercado internacional, por ser uma atividade majoritariamente exportadora, a agropecuária também é conhecida por sua dependência de fomentos do governo. O Plano Safra, principal programa de apoio à produção agrícola nacional, disponibiliza 340 bilhões de reais para a atividade no ciclo que se encerrará em junho do ano que vem. O valor, entretanto, não é suficiente para cobrir as necessidades de investimento do setor.  

“O agro do Brasil produz 1,1 trilhão de reais em valor de mercado. Na média, os agricultores são 70% alavancados. Trata-se de mais de 700 bilhões de reais de necessidade de investimento”, explicou Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, em evento sobre fundos de investimento imobiliário (FIIs) que a empresa promoveu no mês passado. Duarte e outros especialistas em fundos enxergam, nessa lacuna, espaço para crescimento de um mercado que demorou para sair do papel, mas cresce a passos largos desde então. 

Dez anos em dois 

No último mês de agosto, o fundo de investimento nas cadeias produtivas do agronegócio (Fiagro) completou um ano no Brasil com números robustos. Segundo o dado mais recente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), esses fundos já têm patrimônio líquido superior a 6 bilhões de reais e mais de 85 mil cotistas. Se continuar nessa toada, o instrumento tende a alcançar, em menos de dois anos, um número de investidores que os fundos imobiliários demoraram uma década para conseguir.  

Os Fiagros viveram um boom, mesmo sem uma regulamentação própria. Como o mercado tinha urgência em viabilizar o lançamento desses fundos, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberou o instrumento sob um regime provisório, tomando emprestado as regras que valem para FII, fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e fundos de investimento em participações (FIPs). Mas a falta de um normativo exclusivo não inibiu o desenvolvimento desse mercado. Atualmente existem mais de 30 Fiagros — a maioria com cotas negociadas na B3.  

Porteira aberta 

O Fiagro também é visto como porta de entrada do investidor pessoa física para o setor agrícola, ainda pouco representativo no mercado acionário brasileiro. É possível encontrar cotas desses fundos negociadas na casa dos 10 reais. A isenção de imposto de renda é um atrativo extra e vale para Fiagros com pelo menos 50 cotistas, negociados exclusivamente em bolsa ou mercado de balcão organizado. Para se livrar da mordida do leão, o investidor também não pode ter mais do que 10% das cotas do fundo.  

De acordo com levantamento da Órama Investimentos, os 21 Fiagros listados atualmente na bolsa possuem 4,3 bilhões de reais em valor de mercado. Na média, eles entregaram 130% do CDI em retorno ao investidor no último mês de setembro. A Órama observa que todos os Fiagros listados na B3 têm como objetivo o investimento em certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs), e o indexador predominante das carteiras é o CDI.  

“Fiagros que investem em CRAs tendem a entregar dividendos recorrentes mais altos do que aqueles que investem em terras diretamente”, explica Anna Clara Tenan, analista de Fiagros da Órama. A dinâmica é similar à dos fundos imobiliários que investem em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), motivo pelo qual o Fiagro chegou a ser chamado de “primo do campo” dos FIIs.  

Retornos robustos 

Os fundos de terras agrícolas são comuns nos Estados Unidos, mas não no Brasil, onde o retorno de um imóvel rural dificilmente superaria a Selic em 13,75% ao ano. Com a interrupção do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central, a tendência é que a rentabilidade dos Fiagros de papel também arrefeça. Mas o mercado acredita que os juros só devem ser reduzidos no primeiro semestre do ano que vem, o que tende a prolongar a robustez dos dividendos distribuídos pelos fundos por mais algum tempo.  

Enquanto isso, as gestoras continuam investindo pesado nesse nicho. A Suno lançou o Fiagro SNAG11 em agosto último e já declarou intenção de ser líder no segmento. A meta é alcançar patrimônio de até 900 milhões de reais com esse tipo de fundo no ano que vem. Atualmente, a asset da Suno tem 1 bilhão de reais em ativos sob gestão. No começo deste mês, a Kijani Investimentos, focada em agro, levantou 334 milhões de reais em uma segunda rodada de captação de Fiagro, atraindo 7 mil investidores pessoa física.  

Com o Fiagro, o mercado de capitais ganha relevância no financiamento de um setor crucial para a economia brasileira. E a julgar pela popularidade que o instrumento ganhou, esse parece ser um caminho sem volta. No entanto, vai ser importante observar como o segmento que se desenvolveu em pleno ciclo de alta de juros vai se comportar quando as taxas começarem a cair.  

 

Matérias relacionadas

Fiagro favorece democratização do agronegócio

O horizonte de possibilidades dos Fiagros

Os impactos da Lei 14.112 na recuperação judicial no agronegócio


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.