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Freio à corrida descontrolada por mentes digitais se opõe à sede dos investidores
Hoje há mais fundos interessados em investir em inteligência artificial do que oportunidades no segmento
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A Microsoft colocou 13 bilhões de dólares na OpenAI para incorporar o ChatGPT em suas ferramentas de busca | Imagem: Freepik

Na última semana, mais de mil especialistas em tecnologia, executivos do setor e políticos publicaram uma carta aberta com um alerta inesperado. O documento, assinado por nomes como Elon Musk e Steve Wozniak, cofundador da Apple, pede que os treinamentos de sistemas de inteligência artificial (IA) mais sofisticados sejam interrompidos por um período de seis meses. A justificativa é digna das distopias de ficção científica. O grupo alega que o desenvolvimento da tecnologia representa uma potencial ameaça à humanidade. 


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O texto diz que há “uma corrida descontrolada pelo desenvolvimento e pela implementação de mentes digitais cada vez mais poderosas, que ninguém, nem mesmo seus criadores, pode entender, prever ou controlar com segurança”. Os especialistas usam como referência o GPT-4, atualização do ChatGPT, o chatbot desenvolvido pela startup OpenAI, investida da Microsoft que gerou uma corrida por inteligência artificial no Vale do Silício. É um tipo de IA generativa, capaz de criar conteúdos a partir de instruções do usuário. O GPT-4 consegue, inclusive, interpretar imagens.  

Para os especialistas que assinam a carta, o desenvolvimento de qualquer tecnologia mais evoluída do que isso deve ser paralisado até que regras claras sobre inteligência artificial sejam definidas. Eles ressaltam a importância de que haja autoridades reguladoras que possam fiscalizar esses sistemas. Citam a desinformação em grande escala e os ataques cibernéticos como exemplos das “dramáticas perturbações econômicas e políticas que a IA poderá causar” — especialmente, à democracia.  

Nos últimos dias, fotografias falsas do Papa Francisco utilizando uma jaqueta inflável e do ex-presidente Donald Trump sendo preso viralizaram nas redes sociais pelo realismo das imagens, geradas por inteligência artificial, reforçando preocupações citadas na carta dos especialistas. A plataforma Midjourney, por meio da qual as imagens foram produzidas, chegou a interromper os testes gratuitos que oferecia aos usuários, alegando “abuso de julgamento” no uso do recurso, sem citar diretamente o episódio.  

Os economistas do Goldman Sachs calculam que 300 milhões de empregos em todo o mundo poderiam ser automatizados pela inteligência artificial generativa. Ainda segundo estimativas do banco, dois terços dos empregos atuais nos Estados Unidos e Europa estão, de alguma forma, expostos a esse tipo de automação. “Devemos criar mentes não humanas que possam eventualmente nos superar, ser mais inteligentes, nos tornar obsoletos e nos substituir?”, diz outro trecho da carta, pedindo pela suspensão temporária do desenvolvimento da tecnologia.  

Apenas intenções? 

Especialistas viram incoerência entre os signatários do alerta e o propósito do texto. Afinal, a carta foi assinada pelo mesmo Elon Musk que tem relaxado o combate à desinformação na sua rede social, o Twitter. O manifesto também tem sido visto mais como uma carta de intenções do que algo com poder, de fato, para interromper o desenvolvimento da inteligência artificial. O tema já ganhou viés geopolítico. Recentemente, a China lançou um plano nacional para, até 2030, se tornar uma potência em IA.  

Além disso, há cifras bilionárias em jogo. Só a Microsoft colocou 13 bilhões de dólares na OpenAI para incorporar o ChatGPT em suas ferramentas de busca. Fundos de venture capital também estão protagonizando uma nova corrida do ouro no Vale do Silício, à procura de startups de inteligência artificial para investir. Nomes grandes, conhecidos pela fundação e aceleração de empresas de tecnologia, como Paul Graham e Marc Andreessen, estão mudando o foco de seus investimentos — de blockchain para IA.  

Sistemas como ChatGPT demandam uma grande estrutura de computação para analisar um vasto volume de dados. Conhecedores da indústria calculam que são necessários ao menos 500 milhões de dólares para colocar uma tecnologia como essa de pé. Mas o problema não é a falta de dinheiro, a despeito de diversas empresas de tecnologia terem promovido uma leva de demissões do ano passado para cá. Hoje há mais fundos interessados em investir em inteligência artificial do que oportunidades nesse segmento. O número de empresas de IA é reduzido e há poucos profissionais especialistas na área.  

Mais dinheiro do que oportunidades 

Por esse motivo, as startups de inteligência artificial já surgem avaliadas em centenas de milhares de dólares. Foi o que aconteceu recentemente com a Mobius AI, fundada recentemente por quatro ex-funcionários do Google que deixaram a bigtech este ano. A empresa sequer tinha um escritório montado ainda e, em pouco dias, já estava avaliada em 100 milhões de dólares, após receber ofertas de investimento dos maiores fundos de venture capital do Vale do Silício.   

Esses investidores, até agora, não parecem muito preocupados com os alertas de ameaça à humanidade feitos publicamente pelos especialistas. Querem surfar na grande onda de inovação que está surgindo, com chances de ter um papel de pioneirismo na corrida pela inteligência artificial. Desinformação e automação de funções já existiam antes do surgimento dessa tecnologia, mas essa não é uma razão para serem ignoradas. A dimensão que essas questões prometem ganhar com a adoção da IA é significativamente maior.  

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