A deterioração das expectativas econômicas  se consolidou no Boletim Focus divulgado nesta terça-feira (23), com o mercado mostrando aumento da Selic para este ano, assim como da inflação, dados que vão ao encontro de relatórios divulgados por bancos recentemente, diante de um processo de desinflação mais lento no Brasil e um cenário global desafiador.

O Itaú, por exemplo, elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% para 2,3% este ano. Para 2025, o banco revisou o crescimento para baixo, passando de 2% para 1,8%, refletindo a taxa de juros mais alta.

No caso da inflação, o Itaú afirmou que a composição piorou, em particular, os fundamentos para os preços de Serviços, com mercado de trabalho e reajustes salariais, o que indica uma pressão altista para o segmento. Com isso, o IPCA deve terminar o ano em 3,7%, acima da projeção anterior, que era de 3,6%. Para 2025, a expectativa passou de 3,5% para 3,6%.

Agora, com o cenário global altamente desafiador e a perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos passando para o final do ano, ou até mesmo para 2025, os economistas consultados no Boletim Focus esperam uma pressão altista para alguns indicadores, principalmente para a Selic e a inflação, dados que são olhados de lupa pelo Banco Central para conduzir a política monetária.

Para a mediana da Selic, a projeção do Focus passou de 9,13% na semana anterior para 9,50% este ano, enquanto para 2025 a projeção saiu de 8,50% para 9%. A inflação, por sua vez, medido pelo Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), passou de 3,71% para 3,73% em 2024. Para o próximo ano, a projeção saiu de 3,56% para 3,60%.

Em relação ao PIB, os economistas estão mais otimistas. A economia brasileira deve crescer 2,02% este ano, sendo que na projeção da semana anterior, a expectativa era de alta de 1,95%. Para 2025, o crescimento foi mantido em 2%.