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A eterna guerra das filosofias
Renomado pensador político analisa a eterna cruzada contra a filosofia liberal – e por que ela deve prevalecer
liberalismo, A eterna guerra das filosofias, Capital Aberto
Fukuyama argumenta que a discussão deveria concentrar-se na evolução do liberalismo

Democracia é o pior regime político, exceto por todos os outros” já dizia Churchill. Segundo o renomado professor de ciência política de Stanford e autor de vários livros sobre o assunto, Francis Fukuyama, a mesma lógica se aplica com relação ao liberalismo para a vida em sociedades modernas, complexas e com muita diversidade. Calcado firmemente nos princípios fundamentais de equidade e respeito à lei, o liberalismo enfatiza o direito dos indivíduos de buscarem a felicidade, tendo sua gênese associada ao tratado de paz da Westfália (1648), quando os europeus resolveram parar de matar uns aos outros por religião ou nacionalismo. 


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A despeito de seus altos e baixos na trajetória até o presente, o liberalismo tem sobrevivido como o conjunto de princípios que melhor se adaptou à evolução social desde a idade média. Isto é, assim como Darwin falava sobre a sobrevivência das espécies com maior capacidade de adaptação, Fukuyama argumenta que a discussão deveria concentrar-se na evolução do liberalismo, ao invés de buscar teorias alternativas para suplantá-lo.  

Mas por que essa crise do pensamento liberal? A despeito de seus ideais, sua prática várias vezes abandonou vários grupos de seres humanos (mulheres, LGBTQ+, etc) que tiveram seus valores universais contestados até recentemente, mesmo em sociedades ditas liberais. Já hoje em dia, os grupos de extrema, à direita e à esquerda, propagam visões com forte apelo a grupos que se sentem sub-representados na sociedade. A autonomia pessoal que deriva da liberdade econômica levou ao neoliberalismo e exploração capitalista. Por outro lado, o foco exacerbado em grupos identitários levou à erosão de formas tradicionais de comunidade e padrões morais estabelecidos, como a família e a paróquia. Por um lado, os chamados neoliberais endeusam a figura do mercado e da liberdade econômica em detrimento de políticas sociais, enquanto os progressistas focam em grupos identitários em vez do universalismo como visão política. O resultado tem sido o esgarçamento do tecido social e um real perigo à democracia. 

A obra é concisa, porém densa em ideias, não sendo incomum a necessidade de releitura de parágrafos para que possamos absorver seu conteúdo e refletir. Em sua defesa do liberalismo do século 21, Fukuyama se apoia num tripé de argumentos: pragmatismo (“não há nada melhor”), econômico (“busca a melhoria do bem-estar da sociedade, por meio econômico e social”) e moral (“inclusivo, universalista e equitativo”). Embora o autor não indique caminhos de reforma para proteger a sociedade aberta de grupos de extrema direita ou esquerda, ele retorna aos princípios básicos que devem direcionar as políticas: respeito ao indivíduo, tolerância, descentralização de poder e o ideal helênico da moderação. 

Para finalizar, segue tradução livre de um trecho que sintetiza o entendimento do autor: “Liberalismo clássico pode ser entendido como uma solução institucional para o problema de governar sociedades com diversidade, ou seja, pacificamente administrar a diversidade em sociedades plurais”. Não existem respostas certas, mas sim escolhas pragmáticas de custo-benefício, e não dogma. Visto sob esse prisma, a construção da ordem social é semelhante a uma visita ao oculista: “tá melhor ou tá pior?” 

Liberalism and its discontents 

Francis Fukuyama 

Farrar, Straus and Giroux 

185 páginas 

1a edição ― 2022 

Peter Jancso é sócio da Jardim Botânico Investimentos e conselheiro independente 

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