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No Brasil e no mundo, empresários se movimentam em favor da democracia
Decisão nem sempre é fácil para empresários, mas definição política é uma exigência da sociedade do século 21
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O posicionamento de empresários e empresas a favor da democracia também é um movimento que ganha relevância nos EUA | Imagem: Freepik

Faltando pouco menos de dois meses para o primeiro turno das eleições presidenciais, movimentos em defesa da democracia ganharam força entre o empresariado brasileiro. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar a segurança do mesmo sistema eleitoral que o elegeu em 2018, retomando um assunto que estava praticamente encerrado.  


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Em agosto do ano passado, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que previa a retomada do voto impresso nas eleições foi rejeitada e arquivada pela Câmara dos Deputados. Os manifestos pró-democracia também coincidem com novos ataques do presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF), justamente no dia em que sua candidatura à reeleição foi oficializada. 

45 anos depois 

Sem citar o nome de Bolsonaro, a “Carta aos Brasileiros”, lançada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), já conta com mais de 700 mil assinaturas e é o principal manifesto do tipo em circulação hoje. Seu texto critica ataques e questionamentos sem provas à lisura do processo eleitoral e ao Estado Democrático de Direito. Também classifica como “intoleráveis” ameaças aos demais Poderes e à ruptura da ordem social. Em 1977, uma primeira versão da carta pedia a redemocratização do país. Foi rechaçada pelos militares que estavam no poder, o que levou a um número reduzido de assinaturas. 

Agora, 45 anos depois, nomes de peso da elite econômica brasileira se tornaram signatários da carta. Entre eles, Roberto Setubal e Cândido Bracher, conselheiros do Itaú Unibanco, Pedro Passos e Guilherme Leal, fundadores da Natura, e Walter Schalka, presidente da Suzano Papel e Celulose. Empresários e banqueiros que defenderam a eleição de Bolsonaro em 2018 também assinaram o manifesto.  

A “Carta aos Brasileiros” não é a única manifestação a favor da democracia e da harmonia entre os três poderes a contar com a adesão do empresariado. Esta semana, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, com mais de 300 representantes, também publicou o seu próprio manifesto. Empresas como Vale, Carrefour e Nestlé já assinaram o documento que se autodenomina uma “defesa apartidária do processo eleitoral no Brasil”. O grupo diz que o País tem mostrado “segurança inabalável na apuração da vontade popular”, por meio do voto.  

Movimento apartidário 

O apartidarismo tem sido um argumento comum aos diferentes manifestos, pois seus organizadores não querem ser confundidos com apoiadores do favorito nas urnas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.  

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também está elaborando uma carta a favor da democracia, para ser lida no próximo dia 11 de agosto. Resta saber se a iniciativa vai vingar desta vez. No ano passado, quando bolsonaristas articulavam protestos para o 7 de setembro, a Fiesp também preparava uma carta pedindo pacificação institucional. Mas, por pressão do governo, o manifesto foi publicado apenas depois dos atos e sem a adesão de um importante signatário: a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A entidade ficou de fora do movimento depois que os bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) ameaçaram deixar a federação.  

A Febraban já anunciou que, desta vez, deve assinar a carta da Fiesp a ser lida no dia 11. Ao saber da adesão, Bolsonaro disse que os banqueiros assinaram o manifesto por terem “perdido dinheiro” com o PIX, assumindo a paternidade do sistema de transferências instantâneas que fora idealizado ainda no governo de Michel Temer.  

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-diretor do Banco Central e sócio-fundador da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo, afirmou que é dever da sociedade apontar limites. “Não é que as instituições estejam em risco propriamente. Mas toda vez que você tem algum tipo de questionamento sem sentido ou sem uma consistência sobre o processo que estamos vivendo, sobre as instituições, cabe sim à sociedade civil dizer que não aceita esse tipo de coisa”, afirmou o empresário. 

Tendência global 

O posicionamento de empresários e empresas a favor da democracia também é um movimento que ganha relevância nos Estados Unidos, um país onde o voto não é obrigatório. A Morning Consult fez uma pesquisa com mais de 400 executivos em cargos de liderança nas companhias americanas, entre abril e maio deste ano. Aproximadamente 96% deles responderam que uma democracia que funciona bem é importante para o crescimento econômico e 81% concordam que as empresas precisam agir para garantir eleições seguras e justas. Um total de 77% afirmou que as empresas devem denunciar as ameaças à democracia e metade dos líderes revelou que está mais propensa agora a encorajar seus funcionários a defender a democracia e trabalhar em eleições do que seis anos atrás. 

Ainda que pareça o mínimo a se fazer, muitas empresas ou empresários resistem em adotar, publicamente, um discurso a favor da democracia. Em alguns casos por medo de o posicionamento ser confundido com apoio a um candidato específico. Em outros, por concordarem, de fato, com os questionamentos sobre o sistema eleitoral e as críticas às instituições democráticas. Há ainda quem tema provocar embate com os próprios funcionários, que também se dividem em seus pontos de vista. Ou até perder parcelas da clientela que apoiam o representante da atuação antidemocrática. 

No interior das decisões empresariais, é sabido que a tomada de decisão sobre o tema nem sempre é fácil. Mas com a ascensão das redes sociais e sua “cultura de cancelamento” sobre quem não se posiciona, a isenção pode custar caro. A sociedade polarizada da segunda década do século 21 exige escolhas cada vez mais definidas — e públicas — por parte das corporações. 

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