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Qual o papel dos conselheiros na agenda socioambiental?
Os membros do board dispõem de recursos para patrocinar a cultura de luta contra as mudanças climáticas e a redução das desigualdades
agenda ESG, Qual o papel dos conselheiros na agenda socioambiental?, Capital Aberto
Henrique Luz , CCA+, CCoAud+ e CCF IBGC, é membro independente de conselhos e ex-presidente do conselho de administração do IBGC | Ilustração: Julia Padula

No contexto das desigualdades acentuadas pela pandemia de Covid-19, da premência de mitigar as mudanças climáticas e do papel das empresas em promover a produção sustentável, inclusão e distribuição de renda, os preceitos da agenda ambiental, social e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês) tornam-se cada dia mais estratégicos e fundamentais. É preponderante conciliá-los com os resultados operacionais e financeiros, não apenas em decorrência de sua relevância para a sociedade, a economia e o planeta, como pelo fato de constituírem uma demanda crescente dos investidores e demais stakeholders. Rever fatores como a empatia com clientes e consumidores é outro aspecto fundamental. 


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No entanto, não nos iludamos. Há os que claramente vêm praticando o greenwashing, termo que define falsas iniciativas ambientais e discursos descolados da prática. Portanto, é preciso avançar. E urgente. Nessa trilha, os conselhos de administração têm importante papel no sentido de patrocinar a cultura e o exercício efetivo de ESG nas suas organizações.  

Para ilustrar o compromisso e os deveres dos colegiados nessa agenda, há um exemplo emblemático: recentemente, a organização de direito ambiental ClientEarth anunciou que estava processando a Shell e responsabilizando os 11 membros de seu conselho de administração por violarem suas obrigações legais ao não adotarem estratégia de transição alinhada ao Acordo de Paris.  

Líderes para transformar

Algo que pode ajudar bastante os conselhos de administração nesta missão é a instalação de um comitê de assessoramento que tenha esse escopo. A participação de especialistas no tema tem tido importância significativa na disseminação de conhecimento para a adoção dos mecanismos e das ações necessárias. Em empresas nas quais atuo como conselheiro, isso tem funcionado muito bem. 

Em artigo publicado no Valor Investe, Sonia Consiglio, SDG Pioneer pelo Pacto Global da ONU e especialista em sustentabilidade, que considero uma das principais autoridades em ESG no País, observou que, no desenvolvimento da agenda socioambiental, “o que vem fazendo toda a diferença e continuará em destaque são as lideranças. Os presidentes de empresas e conselheiros já entenderam os riscos e as oportunidades valiosas em torno dessa pauta e seu comprometimento promoverá cada vez mais mudanças estruturais e estruturantes nas empresas”. 

O processo de conscientização é muito importante e está alinhado aos propósitos do Chapter Zero Brazil. Representada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) no Brasil, a iniciativa, vinculada ao Fórum Econômico Mundial, tem o compromisso de promover conteúdos e eventos para informar, trocar ideias e compartilhar experiências sobre ações que contribuam para a mitigação das mudanças climáticas. O objetivo é sensibilizar e capacitar as lideranças empresariais para realizarem efetivas mudanças, empoderando os membros dos conselhos de administração e os incentivando a se engajarem efetivamente em um debate estratégico sobre o desafio da agenda socioambiental para seus negócios. 

Parâmetros claros

De fato, é crucial a mobilização dos gestores e da estrutura de governança corporativa. Também penso que boa contribuição na adoção de ESG encontra-se nos próprios princípios de governança, tão bem propugnados pelo IBGC: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Tudo isso consta do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa da entidade, que passa por sua quinta atualização neste momento e chegará a sua sexta edição em breve. 

Um dos principais desafios, além, obviamente, de concretizar uma agenda socioambiental eficaz, é como reportar as ações de modo claro e transparente aos investidores, reguladores e à sociedade. Para chegarmos a esse objetivo, além da orientação especializada e dos conceitos referenciais da governança corporativa, um fator de avanço no Brasil é o estabelecimento de padrões para divulgação e asseguração das informações de ESG, na esteira da iniciativa da Federação Internacional dos Contadores (IFAC) de colocar em pauta os parâmetros para esse dimensionamento.  

Esse foi o intuito do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) ao anunciar a criação, em 9 de junho de 2022, do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS). Sua função é estudar e emitir documentos técnicos referentes à divulgação de ESG. O órgão está interagindo com o International Sustainability Standards Board(ISSB), cuja criação foi anunciada pela International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS) na COP26, em novembro de 2021. Espera-se que o ordenamento das divulgações incentive a adoção da prática. 

Há cada vez mais subsídios da governança corporativa, acervo de conhecimento especializado e normatização para dar suporte à implantação eficaz das práticas ESG. Não há mais razões plausíveis para postergar a adesão das organizações à luta da humanidade contra as mudanças climáticas, ao desafio de reduzir as desigualdades e de vivermos num planeta melhor, mais saudável e justo. Faltando apenas sete anos para se expirar o prazo de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/Agenda 2030 da ONU, a grande pergunta é: o que cada um de nós está fazendo para viabilizá-los?   

*Henrique Luz ([email protected]), CCA+, CCoAud+ e CCF IBGC, é membro independente de conselhos e ex-presidente do Conselho de Administração do IBGC.  

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