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Por que se fala tanto na presença feminina em cargos de liderança
Diversidade de gênero ultrapassa questões sociais e de governança e torna-se fundamental para prosperidade e sustentabilidade dos negócios
Mulheres em cargos de liderança

Se o ritmo de crescimento continuar parecido com o registrado desde 2013, pode não haver um número igual de mulheres e homens em cargos de liderança na maior economia do mundo até 2085 | Imagem: stories – Freepik

O mercado de capitais movimenta trilhões de dólares todos os anos. Em 2019, o mercado global de dívida, por exemplo, foi estimado em pelo menos 105 trilhões de dólares e o de ações, em aproximadamente 95 trilhões de dólares. Essa pujança de um setor vital para o desenvolvimento das sociedades, no entanto, não impede que a disparidade entre a quantidade de homens e mulheres em cargos seniores ainda diminua a passos lentos em comparação a outros setores.

Ao observar o mercado americano, a Delloite verificou que, se o ritmo de crescimento continuar parecido com o registrado desde 2013, a proporção de lideranças femininas vai subir de 20% para apenas 31% em 2030. A igualdade de gênero no setor parece, assim, um sonho distante — segundo a consultoria, pode não haver um número igual de mulheres e homens em cargos de liderança na maior economia do mundo até 2085.

A contradição não é apenas moral, mas também financeira, já que pesquisas indicam que companhias encabeçadas por mulheres estão tendo retornos mais atrativos do que aquelas lideradas pelo sexo oposto.

Demanda de investidores

No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) começou recentemente a abordar essa questão. “A CVM e o mercado percebem a relevância da diversidade na geração de valor, para as companhias, partes interessadas e a sociedade de modo geral. A diversidade é um valor que importa para os investidores, para a tomada de decisões, e isso está sendo discutido pelo regulador. Não é um modismo passageiro, mas um novo paradigma que está se impondo”, opinou a diretora da CVM Flávia Perlingeiro durante o evento Retomada da Economia e o papel do Mercado de Capitais.

Em novembro, a Aberdeen Standard Investments anunciou uma iniciativa que reflete essa demanda por parte dos investidores. A gestora, uma das maiores da Europa, vai lançar um fundo que investe exclusivamente em hedge funds administrados por mulheres, atendendo a pedidos de investidores que acreditam que uma maior diversidade leva a melhores retornos.


Confira o encontro “Mulheres no mercado financeiro e de capitais” aqui


Esse movimento acontece em um ano especialmente positivo para hedge funds liderados por mulheres, que foram capazes de limitar as perdas durante a turbulência dos mercados financeiro e de capitais em março. Segundo o HFR de Chicago, Índice de Acesso Feminino, hedge funds administrados por profissionais do sexo feminino perderam 3,5% nos primeiros quatro meses 2020, resultado melhor que a queda de 5,5% no índice HFRI 500 Fund Weighted, uma medida mais ampla de desempenho que incorpora fundos administrados por ambos os sexos. “No final das contas, as gestoras parecem ter uma abordagem melhor sobre a gestão de riscos”, afirma Russell Barlow, chefe global de estratégias de investimento alternativo da Aberdeen Standard.

Diversidade de gênero melhora a performance das companhias

E os resultados financeiros obtidos por gestoras mulheres não estão restritos a hedge funds. Quando se trata de companhias com maior igualdade de gênero, um relatório do Morgan Stanley Research indica que elas apresentam menos volatilidade e maior retorno sobre o patrimônio (ROE) do que aquelas nas quais a disparidade é maior. O estudo também mostra que setores e companhias sem diversidade de gênero estão expostos tanto a maiores riscos reputacionais quanto operacionais. Já a Catalyst observou que, entre as 500 maiores empresas do mundo, aquelas com mais de três mulheres na alta administração superam as outras em diversas métricas.

As mulheres estão lá — você só não está conseguindo se comunicar com elas

Mas se os estudos mostram de forma tão evidente os benefícios da diversidade de gênero, por que é tão difícil que ela aconteça na prática? “Já ouvi chefes dizerem que as empresas têm menos mulheres em cargos de liderança porque elas se candidatam menos a essas vagas. Isso é verdade em algumas ocasiões, mas não pode ser desculpa — é papel das empresas criar iniciativas para atraí-las para as suas equipes”, diz Vanessa Simões, da consultoria de recursos humanos Amrop INNITI.

De fato, não faltam profissionais mulheres no mercado de trabalho para ocupar cargos administrativos. Carolina Cavenaghi, fundadora do movimento Fin4She, afirma que tem um banco de currículos enorme com mulheres de diferentes níveis de experiência — o problema começa antes mesmo da primeira entrevista de emprego.

Uma pesquisa do LinkedIn mostra que mulheres apenas se candidatam para vagas quando acreditam cumprir 100% dos requisitos listados, enquanto os homens já se consideram aptos se cumprirem apenas 60%.

Segundo Cavenaghi, uma medida simples e eficaz é fechar os processos seletivos apenas quando o setor de RH receber uma certa quantidade de currículos de profissionais do sexo feminino. Além disso, ela acredita ser importante que uma das entrevistadoras para seja mulher. “É claro que essas não são soluções definitivas, mas são passos que podem tornar esses processos mais inclusivos”, diz Cavenaghi.

O fato é que as empresas não podem esperar que a realidade mude sozinha. “Ter uma força de trabalho diversificada não é apenas a coisa certa a fazer, é um imperativo nas companhias”, afirma Stephanie Cohen, diretora de estratégia no Goldman Sachs. “Você perderá a guerra por talentos e oportunidades de negócio se essa não for sua prioridade.”

 

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