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Quem teme a queda no preço do bitcoin?
Por que oscilações no mercado de criptoativos não assustam os investidores institucionais
Oscilações no mercado de criptoativos não assustam investidor de longo prazo 

Na quarta-feira, 19 de maio, a cotação do bitcoin chegou a cair para cerca de 30 mil dólares, um tombo e tanto se comparado ao patamar inédito de 65 mil dólares alcançado em abril. Isso, entretanto, não impacta os fundamentos do bitcoin, na opinião de especialistas | Imagem: Freepik

Inicialmente ativos restritos aos especialistas em ciência da computação, os criptoativos, em especial o bitcoin, conquistaram um espaço relevante em portfólios de grandes gestores de recursos. O entusiasmo dos investidores institucionais em torno desse mercado marcou 2020, ano em que o bitcoin valorizou cerca de 400%. Porém, na última semana, alguns investidores puderam vivenciar o que significa ter na carteira um ativo de risco tão volátil. A queda no preço do bitcoin seguiu o estilo clássico observado em outras ocasiões, com uma série de altos e baixos desde o fim de março. Na quarta-feira, 19 de maio, a cotação da criptomoeda chegou a cair para cerca de 30 mil dólares, um tombo e tanto se comparado ao patamar inédito de 65 mil dólares alcançado em abril. Isso, entretanto, não impacta os fundamentos do bitcoin, na opinião de especialistas. 

Ao avaliar o atual cenário, Axel Blikstad, sócio da BLP, reforça que o bitcoin é um ativo com volatilidade altíssima e que não é a primeira vez (nem será a última) que tamanha oscilação acontece. “Quem investe nesse mercado tem que ter um estômago forte e pensar no médio e longo prazos”, afirma. De fato, o preço do bitcoin já caiu 70% ou mais pelo menos quatro vezes na última década, testando a resiliência dos investidores. “É impossível prever o futuro, mas, em nossa análise, existe a possibilidade de um upside gigantesco no preço do bitcoin. A blockchain, tecnologia por trás da moeda e de outros criptoativos, tem uma utilidade imensa para a sociedade e está apenas no início. É uma oportunidade”, analisa. 

A queda mais acentuada das criptomoedas começou com um aumento da aversão a riscos, diante dos temores globais sobre a alta da inflação nos Estados Unidos e a possibilidade de o Federal Reserve, banco central americano, começar a agir mais cedo que o esperado para conter o movimento de alta de preços. Somou-se a isso o anúncio de Elon Musk, no dia 16 de maio, sobre a guinada na política da Tesla em relação ao bitcoin — a companhia não vai mais aceitar a criptomoeda como pagamento pelos veículos que produz, alegando preocupações com “o uso crescente de combustíveis fósseis para mineração de bitcoin”. 

A gota d’água foi a série de alertas de autoridades da China a bancos e outras instituições para não receberem criptomoedas como pagamento ou oferecerem serviços e produtos relacionados aos ativos, diante da seu alto nível de especulação. Para os investidores, o anúncio foi um indicativo de que poderia ocorrer uma corrida regulatória generalizada e repressiva sobre operações com criptoativos. 

Hora de comprar 

Mas, para aqueles mais confortáveis com a dinâmica do mercado de criptoativos, a baixa do bitcoin significa que é hora de ir às compras. Na terça-feira, 18 de maio, a Micro Strategy, empresa americana de business intelligence e serviços baseados em nuvem, adquiriu 229 unidades da criptomoeda pelo preço médio unitário de 43,6 mil dólares, totalizando 10,1 milhões de dólares. De acordo com o Bitcoin Treasures, a companhia é a maior detentora de bitcoins no mundo e agora tem em suas reservas 92.079 unidades da criptomoeda, o que equivale a cerca de 3,5 bilhões de dólares. A Tesla, que está em segundo lugar, tem 43.200 unidades. 

Samir Kerbage, sócio e CTO da Hashdex, acredita que o investidor institucional pode se beneficiar ao fazer alocação em criptoativos e compara o movimento com a expansão da internet — uma inovação disruptiva que levou anos para se consolidar. “Obviamente, há muito risco envolvido no mercado de criptoativos, algo que pode ser calibrado com o tamanho da exposição, mas é uma oportunidade tremenda”, opina. “Esse mercado tem muito ruído, é uma dinâmica de internet em que todos têm voz, tanto o especialista quanto o investidor de varejo novato. Por isso, muitos têm dificuldade em separar o sinal do ruído, mas o fato é que os últimos acontecimentos, inclusive o posicionamento da China, não mudam os fundamentos positivos dos ativos digitais”, avalia. 

Classe de ativos em desenvolvimento 

A BLP Asset chegou “cedo” no mercado de criptoativos brasileiro. A gestora foi a primeira a criar um fundo de cripto no País, em 2018, pioneirismo que abriu caminho para outras assets. Hoje, o mercado começa a deslanchar no Brasil. Blikstad, da BLP, explica que a emissão acelerada de dinheiro pelos bancos centrais para conter a crise da covid-19 e o cenário econômico suscetível à inflação abriram os olhos dos investidores institucionais para essa classe de ativos. “A primeira alta dos criptoativos foi em 2017, liderada pelo varejo. Dessa vez, é por conta do institucional. Vemos um mercado muito mais maduro para receber o investidor institucional lá fora, e agora o mesmo está acontecendo no Brasil”, afirma. 

O precursor desse movimento foi o bilionário Paul Tudor Jones. Em maio de 2020, o gestor de hedge funds publicou uma carta a investidores intitulada The Great Monetary Inflation, em que revelou que o fundo Tudor BVI adquiriu futuros de bitcoin como reserva de valor. Na época, o fundo tinha cerca de 20 clientes e 35 bilhões de dólares sob gestão. O aval de Jones ao bitcoin deu o exemplo para outros gestores, algo que impulsionou a profissionalização da infraestrutura do mercado de criptoativos e aumentou o escrutínio de órgãos reguladores, que avaliam a melhor forma de normatizar as operações em ativos digitais. 

Consumo energético e preocupação ESG 

Além do futuro regulatório dos criptoativos permanecer incerto, outra questão que vem gerando desconforto em investidores é a questão ambiental. O processo de mineração das moedas digitais exige o uso de computadores potentes, que consomem muita energia. Segundo um estudo feito pela Cambridge Center for Alternative Finance (CCAF), o consumo estimado de energia para minerar bitcoins saltou de 6,6 terawatts-hora, no início de 2017, para 67 terawatts-hora, em outubro de 2020. Em fevereiro deste ano, a CCAF estimou que esse número subiu para 121,9 terawatts-hora, o que representa aproximadamente 0,6% da produção global de eletricidade e é equivalente ao consumo anual de energia de países pequenos, como Malásia e Suécia. 

A saída seria o uso da energia renovável, mas não é o que tem acontecido — somente 39% dos mineradoras de bitcoin adotam alguma fonte desse tipo. A imensa maioria depende de combustíveis fósseis, mais baratos, para minerar a moeda digital. Ainda assim, investidores institucionais observam o cenário com otimismo. 

“Os mineradores vão preferir locais em que a energia é mais barata. Por isso, no longo prazo, a expansão do mercado de criptoativos pode impulsionar a transição para energias renováveis conforme o preço destas se tornarem mais acessíveis”, defende Kerbage, da Hashdex. 

 

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