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Investidores renovam otimismo com gigantes de tecnologia
Techs cumprem ganhos de eficiência e oferecem boas perspectivas de negócios. Em termos de impactos para a sociedade, porém, eventos recentes sugerem o contrário
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As empresas de tecnologia terminaram a última temporada de balanços como exemplo de produtividade a ser seguido | Imagem: Freepik

A temporada de resultados trimestrais das grandes empresas de tecnologia terminou na última semana com os números da Apple e renovou o otimismo dos investidores com o setor. Além da fabricante do iPhone, Microsoft, Meta (dona do Facebook) e Alphabet (do Google) apresentaram lucros e receitas melhores que o previsto pelos analistas de Wall Street. Assim, as ações das bigtechs, que apanharam feio no ano passado, deram sequência aos ganhos robustos que vêm acumulando ao longo de 2023. As techs têm sido as principais responsáveis pelo saldo positivo das bolsas norte-americanas no período, marcado por temores de que uma recessão esteja cada vez mais próxima. Para se ter uma ideia, o principal índice da Nasdaq, que reúne as gigantes de tecnologia dos Estados Unidos, acumula alta de 17% em pouco mais de quatro meses.  


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Na ponta do lápis, os resultados das techs entre janeiro e março deste ano foram mais fracos do que os registrados no mesmo período em 2022 — e isso já era esperado. Porém, por terem superado as projeções do mercado, os dados mostraram que as empresas estão conseguindo entregar mais do que o previsto com estruturas mais enxutas. Segundo a plataforma de pesquisa e análise de empresas Crunchbase, o número de funcionários demitidos em empresas de tecnologia dos EUA, só este ano, se aproxima dos 140 mil. As companhias alegam que os cortes são parte de uma estratégia de ganho de eficiência que exige ajustes. Durante o período de confinamento da pandemia, as techs ampliaram suas estruturas para atender à demanda de uma sociedade que operou quase que exclusivamente de forma remota, mas que, hoje, vê seu poder de compra corroído por uma inflação galopante, que a obriga a gastar menos com tecnologia.  

Os investidores compraram essa justificativa e, desde então, as demissões só contribuíram com a valorização das techs no mercado de ações dos Estados Unidos, amparada pelo retorno de fundos que tinham fugido do setor no ano passado. As empresas de tecnologia, em resumo, terminaram a última temporada de balanços como exemplo de produtividade a ser seguido. Nas gigantes, a disciplina de custos tem sido importante para canalizar recursos em novas tecnologias, como a inteligência artificial, bola da vez. As menores tendem a se beneficiar em um cenário de juros mais baixos, caso o Federal Reserve decida, de fato, pelo fim do ciclo de aperto monetário. O barateamento do custo de capital favorece, sobretudo, as techs em fase de crescimento. 

Excesso de influência

Do ponto de vista do capitalismo tradicional, as techs parecem estar cumprindo bem o seu papel este ano, gerando valor aos acionistas, com um horizonte de boas perspectivas de negócios. Mas em termos de impactos para a sociedade, eventos recentes sugerem o contrário. Não é de hoje que governos e reguladores questionam o excesso de poder de influência desses conglomerados e debatem formas de responsabilizá-los por efeitos nocivos sobre indivíduos e a democracia. A temperatura dessas discussões, no Brasil, chegou a um ponto de ebulição.  

O Google assumiu uma postura vocal contra o Projeto de Lei 2630, conhecido popularmente como “PL das Fake News”. Inspirado na Lei de Serviços Digitais, adotada recentemente pela União Europeia, o projeto prevê a criação de regras de moderação de conteúdo em plataformas digitais, responsabilizando quem escreve e quem distribui conteúdos. Pela proposta, as empresas de tecnologia são obrigadas a agir diretamente na prevenção de práticas ilícitas em suas ferramentas, podendo ser penalizadas com multa de até 10% de seu faturamento no Brasil caso não cumpram com as regras.  

A proposta já foi aprovada no Senado, mas está emperrada na Câmara dos Deputados desde 2020. Recentemente, voltou a ganhar fôlego com os atos antidemocráticos de vandalismo do dia 8 de janeiro, em Brasília, e atentados violentos a escolas, organizados pela internet. Na semana passada, ao acessar o Google, o usuário brasileiro se deparava com um link para um conteúdo contrário ao projeto de lei, bem abaixo da barra principal do buscador. “O PL das fake news pode piorar sua internet”, era o título do artigo, redigido por executivos do Google no Brasil. O texto alegava que o PL teria efeito contrário ao desejado, promovendo desinformação, pois impedia as plataformas de removerem notícias falsas. 

O Google negou ter ampliado o alcance de páginas contrárias ao projeto de lei em detrimento de conteúdos favoráveis. Mas foi obrigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a remover o link do artigo contrário ao PL de sua página principal. Na última terça-feira (2), o projeto foi retirado da pauta da Câmara, sem previsão de nova data para votação. Contudo, de acordo com a Folha de São Paulo, o STF vê urgência na regulação das bigtechs, e os ministros se articulam para julgar uma ação que pode responsabilizar as redes sociais por meio do Marco Civil da Internet. 

O lado do investidor 

Na noite do último dia 26 de abril, o Telegram saiu do ar no Brasil por conta de uma liminar da Justiça Federal. A empresa se recusou a entregar dados sobre grupos neonazistas que atuam no aplicativo, solicitados pela Polícia Federal. As informações fazem parte de uma investigação sobre um ataque a uma escola em Aracruz, no Espírito Santo, em novembro do ano passado, que deixou quatro mortos. O aplicativo chegou a ficar indisponível nas lojas. A liminar foi cassada e o serviço, restabelecido.  

Nem um desses episódios parece ter abalado a confiança do mercado no setor de tecnologia este ano. O combate à desinformação é relativizado e constantemente confundido com censura à liberdade de expressão. Não havendo consenso sobre quem está certo ou errado nessa discussão, o investidor fica do lado do retorno financeiro. Afinal, com ou sem excesso de influência, elas continuam a protagonizar o futuro dos negócios.  

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