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Inverno das bigtechs impressiona com demissões em massa
Primeiras semanas de 2023 já alcançam quase metade dos cortes de pessoal de todo o ano passado
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Em 2022, Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Tesla, Meta perderam mais de 4,6 trilhões de dólares em valor de mercado | Imagem: Freepik

O começo de ano amargo no Vale do Silício destoa do recente período de abundância vivido pelas empresas de tecnologia dos Estados Unidos. Entre o quarto trimestre de 2019 e o terceiro trimestre de 2022, as bigtechs contrataram, ao todo, 941,2 mil pessoas, elevando em 75% os seus quadros de funcionários. Mas o compilado da consultoria Wealth High Governance, com dados da Bloomberg e das próprias empresas, aponta outro movimento que chama a atenção: as equipes expandidas entregaram menos resultados. 


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Somando a receita por funcionário obtida em cada uma dessas empresas, o valor, em 2022, chega a 665 dólares, 8% menor que o de 2019, quando as contratações começaram. Estima-se que o lucro operacional por funcionário tenha contraído 2%, na mesma base de comparação. O levantamento é uma soma das contratações feitas por Meta, Amazon, Alphabet, Apple e Microsoft. Dessas empresas, apenas a fabricante do Iphone não realizou demissões. 

Em três anos, a Apple elevou suas contratações em 20% e, ao contrário da maioria da lista, teve aumento de receita e lucro operacional por funcionário. Mas a Microsoft também conseguiu feito semelhante e ainda assim dispensou 5% de sua força de trabalho neste começo de ano. Ao justificar a demissão de 10 mil funcionários, a empresa informou que está em busca de um equilíbrio de custos e foco nas operações mais rentáveis. 

Refluxo 

As techs aceleraram as contratações durante a pandemia por motivos óbvios. As dinâmicas sociais ao longo do período de isolamento dependeram quase que exclusivamente do uso de tecnologia. O trabalho remoto, as compras on-line, a demanda por serviços e conteúdos na internet elevaram as empresas do setor a um novo patamar de valor. A pandemia também foi um período de juros baixos — e as techs foram inundadas com recursos de investidores que buscavam maiores retornos. A ampliação do quadro de funcionários foi uma consequência quase que natural desse excesso de liquidez.  

Com o retorno à normalidade, o cenário mudou. A demanda por tecnologia arrefeceu, e não só por causa da retomada de atividades presenciais. Junto com o fim das restrições, veio a escalada da inflação, com uma guerra para elevar ainda mais os preços de itens básicos. Para responder a esse movimento, os bancos centrais se viram obrigados a subir juros rapidamente e, como reflexo desse aperto monetário, veio o risco de recessão.  

No ano passado, as ações das grandes empresas de tecnologia começaram a precificar o novo ambiente econômico. E levaram um tombo. De acordo com levantamento do Valor Data, o grupo das sete bigtechs perdeu mais de 4,6 trilhões de dólares em valor de mercado em 2022. A lista inclui Apple, Microsoft, Alphabet (dona do Google), Amazon, Tesla, Meta (dona do Facebook) e Netflix. A Amazon, sozinha, ficou 840 bilhões de dólares mais barata em 2022. E foi a primeira entre as grandes a anunciar demissões este ano: 18 mil funcionários dispensados, com a justificativa de incertezas na economia, além das contratações repentinas que precisaram ser feitas ao longo da pandemia.  

A Alphabet se juntou recentemente à lista de bigtechs que estão demitindo. Vai cortar 12 mil empregos, 6% de sua força de trabalho. O negócio de anúncios digitais da empresa, que cresceu de forma vertiginosa durante a pandemia, sofreu forte desaceleração com a recente redução de gastos dos anunciantes. A atual crise mostra afetar as techs de forma geral, tanto aquelas que atendem a empresas quanto as voltadas ao consumidor final. De acordo com a Bloomberg, já foram registradas 44 mil demissões no Vale do Silício só este ano — quase metade dos 97.171 cortes feitos em 2022 como um todo.  

Primavera  

Os analistas do setor acreditam que as reduções nos quadros de funcionários devem ter efeito positivo nas ações das empresas mais adiante. Mais enxutas, as companhias conseguiriam viabilizar suas operações de maneira mais eficiente em um cenário adverso, focando em projetos de médio prazo e gerando lucro ao acionista. Dificilmente vão chegar aos valores que alcançaram no pico da pandemia, mas tendem a retomar um ciclo mais constante de crescimento. 

Quem perdeu o emprego, por sua vez, continua inserido em um mercado de trabalho ainda bastante aquecido. “Tecnologia é um segmento em que as pessoas conseguem se recolocar de forma mais rápida”, explica Guilherme Zanin, estrategista da Avenue Securities, corretora para investidores brasileiros com sede em Miami. Segundo ele, há uma demanda por digitalização pendente em médias e pequenas empresas.  

Ainda que impressionem pela frequência com que têm acontecido, as demissões equivalem a um percentual pequeno da força de trabalho dessas empresas. As bigtechs também continuam entre as empresas de maior valor de mercado nos Estados Unidos. O que parece estar de fato mudando são as relações de trabalho no segmento. A era das grandes remunerações e contratações em massa pode ter chegado ao fim.  

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