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Duas visões de futuro para a Petrobras 
Investidores são convidados a escolher entre dividendos generosos no curto prazo e o esforço de transitar para a energia limpa
Petrobras, Duas visões de futuro para a Petrobras , Capital Aberto
No plano estratégico para o quinquênio de 2022 a 2026, a estatal definiu que destinaria 84% de seus investimentos para a exploração e produção de petróleo | Imagem: Freepik

Desde o resultado das eleições presidenciais, no final de outubro, um dos principais questionamentos do mercado financeiro, além da agenda fiscal, é sobre o futuro da Petrobras. Em sua campanha, o ex-presidente Lula, agora eleito para um terceiro mandato, deixou clara sua aversão aos planos de privatização da estatal e à política de paridade internacional de preços. Críticas de membros da equipe de transição do petista, que chamaram de “sangria” os bilhões em dividendos distribuídos pela petrolífera, reforçaram os temores de uma postura mais intervencionista do governo federal, maior acionista da Petrobras. 


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Há precedentes para tanto receio. Afinal, a Petrobras foi pivô dos escândalos de corrupção expostos pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, diretamente responsável pela derrocada do PT e da ascensão do bolsonarismo no País. Polarização política à parte, é fato que a petrolífera evoluiu de modo significativo em termos de governança desde então, com a criação de comitês de controle e mudanças no sistema de licitações para combater fraudes. 

A Petrobras também encontra respaldo hoje na Lei das Estatais, que estabeleceu regras para a nomeação de diretores e conselheiros. Esses cargos não podem ser ocupados por dirigentes partidários ou políticos que tenham disputado eleições até 36 meses antes de assumir o posto. O atual governo, do presidente Jair Bolsonaro, aventou mudar a lei por meio de medida provisória, na tentativa de conter a alta dos combustíveis, mas a ideia não foi para frente.  

Energia limpa 

Nos bastidores, um dos nomes mais cotados para assumir a presidência da Petrobras, na próxima gestão de Lula, é o senador Jean-Paul Prates (PT-RN). Antes de chegar ao Congresso, Prates foi secretário de energia do Rio Grande do Norte e trabalhava como consultor, com três décadas de experiência na área de petróleo e gás. No senado, foi autor do projeto de lei 576, marco regulatório que define regras para a exploração de energias renováveis em alto-mar (offshore) e defensor de outros temas da transição energética.  

Corre na imprensa a informação de que o novo governo não quer investimentos limitados à exploração e à produção de petróleo no pré-sal, como tem feito a atual gestão. A ideia seria aumentar a produção de gás natural, transitar para o hidrogênio e converter as refinarias, que estavam prestes a ser vendidas, em produtoras de biocombustíveis. O plano, portanto, seria colocar a empresa no caminho da energia limpa, motivo pelo qual o nome de Prates ganhou força para comandar a Petrobras a partir de 2023.  

No plano estratégico para o quinquênio de 2022 a 2026, anunciado no ano passado, a estatal definiu que destinaria 84% de seus investimentos para a exploração e produção de petróleo, algo em torno de 57 bilhões de dólares. Já o orçamento para estratégias de baixo carbono nem chegava a 2 bilhões de dólares. O plano era apostar no que os dirigentes da estatal chamam de “petróleo descarbonizado”, produzido com emissões reduzidas de gases do efeito estufa.   

Contrastes à mostra 

Críticos dessa estratégia apontam que a Petrobras está ficando para trás em relação aos players globais. No ano passado, a companhia concluiu a venda das participações que possuía em quatro usinas eólicas no Rio Grande do Norte — praticamente retirando-se do segmento, cobiçado por concorrentes internacionais.  

A Shell, por exemplo, quer instalar seis parques eólicos no Brasil, em alto mar, com 17 gigawatts de capacidade instalada. A empresa deu entrada com pedidos de licenciamento ambiental ao Ibama em março deste ano. BP, TotalEnergies e Equinor também diversificaram seus portfólios de energia limpa nos últimos anos. Para os analistas, comparada com essas gigantes, a atuação da Petrobras é certamente tímida.  

“Seguimos com o entendimento de que a distribuição de um patamar tão expressivo de dividendos contrasta com a menor presença relativa da companhia em setores ligados à transição energética”, diz relatório do BB Investimentos, sobre a distribuição de 43,7 bilhões de reais em proventos, anunciada há pouco mais de uma semana.  

Dinheiro ou futuro? 

Com o preço do petróleo em patamares elevados, a Petrobras tem apresentado balanços mais robustos e conseguido remunerar o acionista de forma generosa. Transição energética, por outro lado, é um processo que demanda recursos expressivos. Indo por esse caminho, é bem pouco provável que a estatal siga distribuindo proventos na proporção em que vinha fazendo.  

Mesmo ciente da importância de energias limpas, diante da urgência das mudanças climáticas, o investidor parece não simpatizar muito com essa possível mudança de rumo da Petrobras. Desde o resultado das eleições, a estatal perdeu bilhões em valor de mercado na bolsa. Na teleconferência dos resultados da empresa no terceiro trimestre, realizada na semana passada, os executivos rebateram a avaliação de que a estatal está atrasada na agenda de transição energética. Mas o tema ficou em segundo plano: mais uma vez, os dividendos dominaram a reunião com analistas.   

 

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