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Posse de Biden e Harris renova esperanças
Início da nova gestão é celebrada no mundo inteiro, inclusive com grandes altas nas bolsas internacionais 
Colunista Walter Pellecchia comenta o mercado de capitais a nível internacional

Walter Pellecchia | Ilustração: Julia Padula

Em 20 de janeiro de 1981, ao tomar posse como presidente dos Estados Unidos da América, Ronald Reagan mencionou em seu discurso inaugural que a cerimônia de posse que ocorre a cada quatro anos desde 1789, embora seja algo normal, é também um milagre. Felizmente, esse milagre foi repetido. Exatamente duas semanas após ter sido invadido e depredado por apoiadores de Donald Trump, o Capitólio americano foi palco da posse do presidente Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris, democratas, eleitos com cerca de 81 milhões (ou 51,3%) de votos válidos em disputa acirrada e cheia de turbulências. 

Enquanto os (poucos) convidados ainda chegavam, o tempo em Washington estava fechado e até nevou um pouquinho. Mas à medida que a cerimônia avançava, o sol apareceu, como que para abrilhantar aquele belo momento de renovação. Como afirmou Biden, a cerimônia marcava, mais do que a vitória de um candidato, o triunfo da causa da democracia. Pode-se ainda dizer que simbolizava também o triunfo da diversidade, pois o sol iluminou não apenas Biden. Harris reluziu na posse como talvez nenhum outro vice-presidente americano o fizera  pela primeira vez na história, uma mulher, uma negra e uma descendente de imigrantes asiáticos assume a vice-presidência dos EUA. De fato, 20 de janeiro de 2021 entrou para história como um dia de renovação da esperança por um mundo melhor. 

Ainda naquela mesma tarde, já empossado como o 46º presidente americano, Biden assinou 17 ordens executivas (atos equivalentes às nossas medidas provisórias), na maioria revertendo políticas de seu antecessor, como a reestruturação do plano federal de combate à pandemia, o retorno dos EUA à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, o fim da proibição de viagens aos EUA a partir de países de maioria muçulmana, a interrupção imediata da construção do muro na fronteira com o México e a proibição da discriminação e da criação de barreiras pelas agências federais na contratação de pessoal e na elaboração de políticas. 

O desafio da união 

Conforme prometido durante a campanha, a mudança na condução político-econômica realmente começou no “day one”. Entretanto, apenas canetadas não serão suficientes para resgatar os estragos causados pela administração anterior, marcada pelo discurso de ódio, pela ideia de “nós e eles” e pela segregação. Para promover a “união” repetida várias vezes em seu discurso inaugural. Biden precisará suar a camisa e contar com muito dinheiro — e, claro, de apoio no Congresso. Além do pacote de 1,9 trilhão de dólares para a reparação da economia devastada pela covid-19, Biden já se comprometeu a aplicar 100 milhões de doses de vacinas nos 100 primeiros dias da sua gestão. Metas bem audaciosas. 

Os mercados de ações americanos reagiram muito bem ao novo presidente, com recordes históricos de alta. Ndia da posse o índice Dow Jones, que reúne as 30 maiores empresas listadas nas bolsas americanas, teve alta de 0,8%, o índice S&P 500, que abrange as 500 maiores companhiassubiu 1,4% e o índice Nasdaq, das empresas tech, avançou 2%. Era, no entanto, algo esperado. Desde o dia das eleições (4 de novembro de 2020) as bolsas americanas têm registrado tendência de alta. Segundo a consultoria americana CFRA, o S&P 500 apresentou 14,33% de valorização entre os dias da eleição e da posse  outro recorde histórico. 

Front externo 

No âmbito internacional, Biden pretende reparar alianças bilaterais, reforçar a importância e o papel dos órgãos multilaterais e, nas suas palavras, fazer com que os EUA não mais liderem pelo exemplo da força, mas pela força do exemplo. Chefes de Estado e de governo de diversos países publicaram em suas redes sociais mensagens de felicitação a Biden e o desejo de recuperar ou ampliar a parceria econômica entre seus países e os EUA. Algo também esperado. Quem não quer ser amiguinho da maior potência mundial, ainda mais agora na fase paz e amor? 

As bolsas internacionais seguiram a tendência americana e apresentaram fortes altas nesse 20 de janeiro. O índice MSCI das ações de empresas do eixo Ásia-Pacífico (exceto Japão) teve alta de 0,85%, o índice chinês de blue chips subiu 1,2%, a bolsa australiana registrou avanço de 0,69%, o índice japonês Nikkei aumentou 0,72%, o índice Hang Seng de Hong Kong teve alta de 0,31%, o índice pan-europeu STOXX 600 (600 ações no continente) fechou com valorização de 0,72% e o índice FTSE 100 (100 maiores ações listadas na bolsa de Londres) avançou 0,5%, puxado principalmente pelo forte desempenho das ações de instituições financeiras, de empresas tech e de companhias relacionadas à área da saúde. 

Com muitas fichas apostadas em Biden e Harris, parece que o mundo inteiro respirou um pouco aliviado pelo início de uma nova era americana que tende a ser mais estável e equilibrada, resgatando histórica importância americana na geopolítica global. 

Walter Pellecchia, advogado especialista em mercado financeiro ([email protected]). O texto reflete opiniões do autor e não deve ser considerado como consultoria de qualquer natureza. 

 

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