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Empoderar o investidor ficou para trás. É hora de emancipá-lo
Gestores de fundos deveriam divulgar o “porquê” das empresas escolhidas para compor a carteira e como elas contribuem para melhorar o futuro
Daniel Izzo
Daniel Izzo, sócio-cofundador da Vox Capital | Ilustração: Julia Padula

O mercado de capitais evoluiu bastante nos últimos anos, com mais classes de ativos disponíveis nas prateleiras do varejo e aumento do número de investidores. No mesmo ritmo, o volume de plataformas e produtos não só cresceu como ganha cada vez mais força na era da “experiência do usuário” (UX) e do olhar “centrado no consumidor” (consumer-centric). Mas fica a pergunta: qual é o destino dessa caminhada?  


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Com a justificativa de empoderar o investidor, o mercado de capitais aposta suas fichas em conteúdo sobre educação financeira, entrega análises macro e carteira recomendada, elabora gráficos sobre performance e deixa os aplicativos cada vez mais rápidos e intuitivos. De fato, o ato de investir está mais fluido. Mas a pergunta ainda fica: para onde vamos? 

Se partirmos da ideia de que investimento é a chave para a construção do futuro, podemos concluir que essa construção está mais estruturada do que nunca. O problema, em especial em relação aos fundos de investimento, é que o investidor ainda não tem a opção de escolher o futuro que quer, porque há pouca transparência sobre os ativos nos quais estamos investindo.  

O paradoxo do empoderamento e a proposta da emancipação 

Caímos, então, num paradoxo: o investidor está empoderado, mas não enxerga o futuro que ele próprio, junto a seu dinheiro, está criando. Há uma enorme quantidade de produtos disponíveis “à ponta do dedo” e acesso à informação sobre histórico de retorno — mas, ainda assim, a escolha é limitada. O problema é que a escolha se baseia em meta de rentabilidade e análise binária entre risco e retorno, ao passo que o mundo real envolve risco, retorno e o impacto que toda e qualquer empresa e investimento geram nas pessoas e no planeta.  

De forma geral, a mesma experiência que empodera o investidor peca ao não entregar a emancipação. Esta, no cenário de investimento, se traduz em um investidor com controle sobre suas decisões financeiras e o destino final de sua alocação de capital.  

Para melhorar a oferta e entregar essa emancipação, a indústria deverá estruturar plataformas e produtos que conversem com as vontades e os valores dos investidores — sejam eles quais forem —, gerando uma identificação real entre investidor e produto financeiro. 

Por exemplo, um fundo de investimento voltado para a educação, da básica à superior, com certeza atrairia capital de uma pessoa que acredita na educação como chave de transformação social. Há os investidores mais sensíveis à causa da alimentação, outros à causa do clima, outros à do desenvolvimento de tecnologia, e por aí vai.   

A nova fronteira da experiência 

No cenário com um sem-fim de produtos e plataformas, e com muitas das novas tecnologias já consolidadas, as inovações precisam incluir a frente de experiência e a abordagem junto ao investidor e ao cliente.  

A chave para isso está no significado da palavra transparência. No mercado de capitais, o termo está muito ligado à divulgação do “o quê”. Poucas gestoras divulgam a composição de sua carteira, limitando-se, quando muito, a informar o nome das empresas em que investiram.  

O empoderamento e a emancipação pedem modus operandi diferentes. É necessário divulgar o “porquê”. Para além de risco e retorno, que tal gestores divulgarem o porquê de se investir em uma determinada empresa? Por que a empresa existe? Como seu produto ou solução contribui com a construção do futuro do investidor, de seus descendentes e da sociedade como um todo? 

Essencialmente, a diferença entre o investidor empoderado e o investidor emancipado é que o primeiro sabe apenas como alocar seu capital. Já o segundo sabe o que o dinheiro está fazendo e o tipo de futuro que está ajudando a construir. O avanço pode parecer uma gota d’água no oceano, mas, na verdade, é profundamente transformador e promove, inclusive, a sensação de empoderamento que gestoras e plataformas tanto querem impulsionar.  

O pedido para o ano que se inicia é que nós, da indústria de gestão de investimentos, trabalhemos junto às empresas, das nascentes às já consolidadas, e também com os investidores, de todos os perfis, para ampliar a consciência do porquê de cada produto e, assim, efetivamente, emancipar as pessoas e propiciar o poder de escolha. O objetivo é criarmos um mundo melhor para todos. Afinal, todo investimento tem impacto, e precisamos cuidar dele. Vamos juntos. 

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