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O venture capital no Brasil está amadurecendo. Será mesmo?
Daniel Izzo
Daniel Izzo, sócio-cofundador da Vox Capital | Ilustração: Julia Padula

Se de um lado a indústria de venture capital no Brasil bate recordes sucessivos de captação de recursos, de outro sua intensa movimentação provoca questionamentos importantes e até um certo ceticismo sobre a robustez dessa evolução. Acontece que, efetivamente, as empresas têm demorado mais para serem lucrativas do que no passado e já existem críticas sobre o ritmo do crescimento dos valuations atuais.


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O que pode estar acontecendo? Toda a liquidez disponível nos mercados está a serviço da eficiência? As propostas são mesmo inovadoras ou nem tanto? As injeções de capital e a gestão das investidas têm sido suficientes para estimular modelos inovadores e rentáveis? O que poderia ser feito de diferente?

A indústria de venture capital é um pilar fundamental da economia, pois é uma das responsáveis por criar e fortalecer os negócios do futuro. E em um mundo com tantos problemas e assimetrias socioambientais relevantes, uma parcela significativa dos recursos disponíveis e dos esforços dos gestores — muitos deles brilhantes — deveria estar direcionada para negócios que vão criar um futuro com menos desigualdade e destruição ambiental.

A meta de toda a sociedade, inclusive da indústria de venture capital, precisa ser a regeneração do planeta, e esse objetivo deve ser colocado no centro das discussões para que avance em uma velocidade maior que a atual. O fato é que, hoje, ainda estamos estimulando negócios que otimizam pouco o tempo de quem já tem recursos e condição de escolha, enquanto poderíamos estar mirando em soluções escaláveis que geram rentabilidade para a empresa, produtividade para os colaboradores e mais qualidade de vida para o cliente final.

Nova fronteira de inovação

Em um mercado cada vez mais competitivo e com ganhos marginais em inovação tecnológica, olhar para quem se está servindo e destravar o potencial de bilhões de pessoas pouco consideradas no modelo econômico atual passa a ser a nova fronteira da geração de valor e do ganho da prática de venture capital.

Uma boa referência de negócio tecnológico transformador e que propiciou ganho real de produtividade no passado para o mundo todo foi o desenvolvimento de microcondutores pela Microsoft. No artigo “A crise do venture capital: arrumando o falido sistema de startups”, Jeffrey Funk lembra que a empresa, fundada na reta final do século 20, criou melhores ferramentas de trabalho e estimulou o desenvolvimento de tecnologia de fato nova, além de capacitar inúmeros profissionais.

Hoje, com raras exceções, temos empresas investidas que se apresentam como inovadoras, mas que, na verdade, operam com uma inovação marginalmente avançada. Há também as startups que replicam tecnologias usadas em outros setores e, mesmo assim, são consideradas disruptivas. Com tantos negócios na área de tecnologia, é crescente a demanda por profissionais especializados, como cientistas de dados. Mas será que o fortalecimento desse campo profissional tem resultado em soluções escaláveis que geram transformações positivas? Não é isso que eu vejo — pelo menos por enquanto. 

Para acelerar e estimular transformações significativas — seja no mundo atual ou daqui a dez anos, que é o prazo médio de um fundo de venture capital —, as startups devem ter claro o objetivo de geração de valor, que se traduz em produtos e serviços capazes de ampliar, em grande escala, a qualidade de vida das pessoas e do planeta. Já os investidores precisam deixar claro que é essa geração de valor que motiva o apetite pela alocação de capital.

Na prática, precisa ficar mais óbvio que “a próxima empresa de um bilhão de dólares” é a que atua do lado de lá da nova fronteira de inovação, que é a inovação social e ambiental.

A indústria de venture capital, em conjunto com o ecossistema de empreendedores e as escolas de negócios, deve insistir no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que sejam de fato capazes de transformar estruturas. Estamos falando, no mínimo, de soluções que melhorem o saneamento básico, barateiem a estrutura para energia renovável o quanto antes e promovam o sequestro de carbono de forma escalável.

Vamos lá, que ainda dá tempo.

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