A chance de uma empresa vir a receber recursos estrangeiros depende não apenas das características macroeconômicas e institucionais dos países em que se situam, mas também das práticas de governança por ela escolhida. Essa foi a conclusão de um recente estudo realizado por três pesquisadores norte-americanos sobre as evidências de que, em todo o mundo, os estrangeiros investem bem menos em empresas com os padrões de governança ruins, isto é, com estruturas de propriedade que aumentam as chances de os investidores serem expropriados. Intitulada “Do foreigners invest less in poorly governed firms?”, a pesquisa analisou 4.411 empresas de 29 países, incluindo economias emergentes e desenvolvidas. Foram utilizados os investimentos em ações no exterior de todos os investidores norte-americanos (pessoas físicas e investidores institucionais), apurados pela Divisão de Finanças Internacionais do FED (Federal Reserve, banco central norte-americano) de forma a se manter a confidencialidade das informações pessoais dos investidores.

Os norte-americanos, que compreendem cerca de metade de todo investimento estrangeiro no mundo, possuem, de fato, menos ações de empresas de outros países com estruturas de propriedade desalinhadas com as melhores práticas de governança. Essa relação aparece mais forte em países com instituições frágeis e menor proteção aos investidores, o que torna a questão da governança corporativa ainda mais vital para esses países, no qual se inclui o Brasil. A pesquisa ressalta também a importância da governança para financiamento de projetos corporativos, crucial para empresas situadas em ambientes com escassez de recursos.