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Virada das big techs na bolsa alerta para excesso de otimismo
Companhias extremamente sensíveis à alta de juros atingem patamares históricos em pleno ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos
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Euforia com ativos de tecnologia preocupa os mais cautelosos, que falam até mesmo em risco de uma nova bolha no setor

O índice Nasdaq, que reúne ações de gigantes do setor de tecnologia, acumulou alta de 31,7% nos primeiros seis meses de 2023. Foi o melhor desempenho semestral da bolsa especializada em techs dos últimos 40 anos e superou com folga a performance dos demais índices de referência no período. O S&P 500 acumulou alta de 15,9%, e o Dow Jones avançou apenas 3,8%. Os números contam uma história bem diferente da de seis meses atrás. Em 2022, as bolsas nos Estados Unidos tiveram seu pior ano desde 2008, todas com saldo negativo. As ações que mais perderam valor no período foram, justamente, as das empresas de tecnologia. Hoje, é o setor mais bem avaliado em Wall Street e principal responsável pela recuperação dos índices. 


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Na última sexta-feira, a ação da Apple alcançou seu maior preço de fechamento da história, próximo dos 194 dólares. Assim, pela primeira vez, a fabricante do iPhone terminou uma sessão com valor de mercado acima de 3 trilhões, marca que nenhuma outra empresa listada havia atingido até então. O clube dos trilionários é praticamente dominado pelas big techs — e ganhou um novo membro este ano, com o ingresso de Nvidia.  

A ação da fabricante multinacional de chips e processadores disparou 195% em 2023, nadando de braçada no tema que domina o Vale do Silício: inteligência artificial (IA). A Nvidia produz os chips utilizados no desenvolvimento de tecnologias como o ChatGPT, uma demanda que deve amparar a receita de 11 bilhões de dólares prevista pela companhia para o segundo trimestre deste ano.  

Entusiasmo descabido? 

A euforia com ativos de tecnologia, porém, preocupa os mais cautelosos, que falam em um excesso de otimismo com as empresas e até mesmo em risco de uma nova bolha no setor. Afinal, companhias extremamente sensíveis à alta de juros estão atingindo patamares históricos em pleno ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos. Mesmo que o Federal Reserve tenha dado uma pausa nos ajustes em sua mais recente reunião, a tendência é que a autoridade monetária volte a elevar as taxas este ano. Além disso, a economia norte-americana continua sob o risco de uma recessão, ainda que os últimos indicadores tenham vindo melhores que o esperado.  

Analistas também questionam se as empresas serão capazes de entregar resultados que justifiquem o preço atual das ações. A própria valorização da Apple na última sexta-feira levantou uma série de questionamentos. Afinal, de acordo com seu guidance mais recente, a empresa prevê receitas mais fracas para o segundo trimestre deste ano.  

O professor de finanças da Universidade de Nova York (NYU), Aswath Damodaran, conhecido como “papa do valuation”, desfez metade de sua posição em Nvidia ao concluir que o valor dos ativos precifica um futuro bastante improvável. Nos cálculos de Damodaran, as receitas da companhia teriam que ultrapassar 500 bilhões de dólares em 2033, sustentando margens acima de 40%. Segundo ele, o mercado de inteligência artificial não daria conta de uma receita desse tamanho. “Precisaria de um outro mercado, ou dois, com potencial similar ao da inteligência artificial, e em que a Nvidia fosse líder, para justificar essa precificação”, diz o economista, num artigo publicado em seu blog. 

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Como fornecedora de componentes para o desenvolvimento da IA, a Nvidia já está faturando com a tecnologia e tem perspectiva de turbinar receitas no curto prazo. As big techs que investem bilhões nesse campo, como Microsoft e Alphabet, dona do Google, ainda vão demorar para colher resultados. O receio da parte mais cautelosa do mercado é que as companhias não sejam capazes de cumprir com as expectativas dos investidores e suas ações caiam de forma exacerbada, assim como subiram.  

“Empresas que apenas mencionam o termo IA nos resultados registram alta no preço das ações e isso lembra muito a era das empresas pontocom”, afirmou James Penny, diretor de investimentos da TAM Asset Management, em entrevista à Bloomberg. Considerado um veterano em ESG, Penny acredita que o mercado está sendo prematuro, antecipando que o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos vai ser revertido.  

O estrategista do Bank of America, Michael Hartnett, foi categórico ao dizer que há uma bolha em formação no setor de tecnologia e em inteligência artificial. Segundo ele, há um cenário de piora da inflação que pode levar o Fed a subir os juros a uma taxa de 6% em 12 meses, em vez de cair para 3%, como o mercado prevê hoje. Atualmente, os juros da economia americana estão na banda entre 5% e 5,25%.  

Resiliência 

Já o renomado economista Jeremy Siegel, professor de finanças da Universidade da Pensilvânia, é mais otimista. Em entrevista à CNBC, argumentou que as empresas de tecnologia de grande capitalização são mais resilientes a tempos econômicos desafiadores. Para ele, ainda é cedo para falar na formação de uma bolha, sobretudo relacionada à inteligência artificial. 

Divergências à parte, fato é que, depois de tamanha disparada na primeira metade do ano, fica mesmo difícil para as ações de tecnologia acumularem ganhos em igual proporção. o Vem aí o segundo semestre de 2023 para mostrar até onde o entusiasmo com o avanço tecnológico pode levar os preços. 

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