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Tendências que os investidores devem acompanhar em 2022
Inflação verde, declínio populacional e crescimento do endividamento público são alguns tópicos que merecem atenção
Tendências que os investidores devem acompanhar em 2022
Imagem: freepik

Pelo segundo ano consecutivo, a pandemia de covid-19 remodelou as economias, acelerando transformações tanto necessárias quanto preocupantes. Em artigo publicado no Financial Times, o estrategista-chefe global do Morgan Stanley, Rushir Sharma, elencou tendências que podem impactar 2022 — e que os investidores devem acompanhar de perto.

Sharma destaca desde eventos específicos do mercado financeiro até questões macroeconômicas alimentadas pela pandemia. Em 2021, a aceleração do declínio populacional, por exemplo, tornou-se uma pauta urgente para 51 países, que veem suas forças de trabalho diminuírem. Nos anos 2000, essa era uma preocupação para apenas 17 nações. A China é um dos países que se encontra numa posição particularmente delicada nessa seara. O menor número de nascimentos no país, somado a uma população mais envelhecida e com maior expectativa de vida, pode fazer com que a força de trabalho na China não seja suficiente para sustentar as gerações mais velhas. Esse problema, já enfrentado por outras economias, pode deteriorar as perspectivas econômicas do gigante asiático e inflar os gastos do governo com previdência social.

E essa não é a única questão envolvendo a nação liderada por Xi Jinping que merece destaque. Na visão do estrategista do Morgan Stanley, é importante que os investidores acompanhem atentamente os passos da China no que diz respeito ao afrouxamento de seus laços comerciais com outros países — movimento que deve se aprofundar nos próximos anos com o aumento de sua autossuficiência. “A China pode ter atingido o seu auge em termos de motor de crescimento do mundo”, afirma Sharma. 

Outra tendência que deve ser observada com cautela é o crescimento do endividamento público. Sharma alerta que no último ano 25 países, entre eles China e Estados Unidos, alcançaram uma dívida 300% maior do que o PIB, por causa de injeções monetárias feitas para facilitar a concessão de crédito e estimular a economia. A questão é que esse movimento gerou um efeito colateral: o escoamento desse dinheiro para os mercados financeiro e de capitais, que registraram crescimento expressivo — o que não é necessariamente bom. Em diversos países, milhões de pessoas físicas abriram contas em corretoras e muitas pegaram dinheiro emprestado para comprar ações. “O problema é que essas ‘manias’ raramente duram”, comenta Sharma. Efêmeras também são as bolhas financeiras. Há sinais delas nos universos das criptomoedas, da energia limpa, das techs sem lucro e das Spacs (special purpose acquisition companies). E seus efeitos devem ser sentidos neste ano. “Depois que os preços caem, esses ativos raramente se recuperam”, comenta o estrategista.

Sharma também chama a atenção para o fenômeno do “greenflation” ou inflação verde, em português, provocado pela corrida contra o aquecimento global. Ele pode ser observado claramente no setor de metais mais sustentáveis. Nos últimos 12 meses, o preço do cobre subiu 26,5% e do alumínio, 41,8%. Segundo Sharma, esse encarecimento deve persistir neste ano.

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