Bancos e corretoras estão se preparando para a maior reforma do mercado de ações dos Estados Unidos em quase duas décadas, diante da notícia de que a Securities and Exchange Commission (SEC) pretende lançar regras que vão aumentar a concorrência para execuções de ordens de investidores individuais.
Para isso, o xerife do mercado de capitais americano planeja aprovar propostas que pressionem corretoras e market makers a fecharem negócios com o melhor preço disponível — e a provarem que fizeram isso.
A SEC passou a se debruçar sobre o assunto com mais atenção após o boom das meme stocks, em 2021, quando investidores de varejo fizeram o preço de um punhado de ações subir abruptamente. O frenesi evidenciou uma prática conhecida como “pagamento por fluxo de ordens” (PFOF, na sigla em inglês). Por meio dela, corretoras populares, como a Robinhood, são pagas para encaminhar pedidos de clientes para grandes empresas comerciais, como Citadel Securities e Virtu Financial. “Hoje, o mercado não é tão justo e competitivo quanto poderia para os investidores individuais. E isso ocorre em parte porque não há igualdade de condições entre as diferentes partes”, afirmou Gary Gensler, presidente da SEC.
O PFOF é proibido em várias jurisdições, incluindo o Reino Unido e o Canadá, por causa dos potenciais conflitos de interesse que gera. Nos EUA, o regulador não deve impedir diretamente o PFOF, mas suas propostas podem reduzir significativamente o uso dessa prática, ao exigir, por exemplo, que as corretoras leiloem as ordens dos investidores e publiquem dados detalhados de como foram executadas.
A expectativa, no entanto, é que as grandes corretoras se oponham ao novo requisito de leilão. Muitas delas afirmam que a inciativa pode elevar, e não diminuir, os custos para os pequenos investidores, além de aumentar as incertezas sobre as negociações. “Da forma como foram apresentadas, as soluções da SEC podem acabar criando um problema. E essa preocupação foi expressa por praticamente todos os cantos do mercado”, alertou um market maker em entrevista ao Financial Times.
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