O ano 2021 foi marcado por uma profusão de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) no Brasil. Segundo dados da Quantum Finance, 46 companhias estrearam na B3 ao longo do último ano, movimentando 66,5 bilhões de reais. Os números superam os recordes 2020, quando 32 operações geraram uma captação de 25,8 bilhões de reais. O crescimento abundante concentrou-se entre janeiro e agosto de 2021, período em que empresas como Vamos, Intelbras e Raizen estrearam na bolsa de valores. Mas essa janela de oportunidade, que gerou frenesi entre investidores de varejo, fechou-se diante de incertezas relacionadas aos rumos da inflação no País e, principalmente, às eleições presidenciais. Até a última sexta-feira, 4, 14 empresas haviam cancelado seus IPOs na B3.
“Ao longo da história, essas ondas de IPOs aconteceram em espaços delimitados e curtos de tempo, com uma empresa puxando a outra para dentro da bolsa graças a valuations supervalorizados”, explica Artur Fernandes Andrezo, sócio do Dias Carneiro Advogados. Mas diante do cenário macroeconômico atual, marcado por baixa atividade econômica, inflação acelerada e juros altos, o espaço para que os IPOs continuem a acontecer neste ano é bastante reduzido. “O investidor de varejo, que começou a aderir mais a IPOs em 2021, provavelmente vai se resguardar e procurar títulos de menor risco para evitar as prováveis oscilações da bolsa neste ano, o que é uma pena em termos de desenvolvimento do mercado de capitais”, afirma.
Para além das questões macroeconômicas, é unanimidade entre especialistas a percepção de que, no curto prazo, os riscos atrelados à eleição presidencial devem afugentar as companhias da B3. Andrezo pondera, entretanto, que o mercado já está precificando possíveis resultados da votação, e qualquer sinal que aumente a estabilidade e previsibilidade para a economia pode incentivar as empresas a retomarem seus planos de estrearem na bolsa. “Estamos caminhando para um cenário polarizado, mas sem tantas surpresas como nas eleições anteriores”, observa.
Oportunidades em private equity
Ainda assim, tanto Andrezo quanto Rodrigo Fiszman, CEO e cofundador da Solum, empresa de venture capital e private equity, acreditam que, em 2022, as empresas mais estabelecidas deixarão adormecidos os planos de IPOs e esperarão uma nova janela de oportunidade. Já as empresas menores e mais propensas a buscar recursos, principalmente aquelas do setor de tecnologia, devem preferir acordos de fusões e aquisições com players estratégicos ou fundos de private equity.
“A Solum, particularmente, está com boas expectativas para a compra de companhias em 2022, sob a ótica do private equity”, afirma Fiszman. Segundo ele, a inflação ajustou os valuations das empresas-alvo, que estavam em “níveis estratosféricos” por causa da enorme liquidez injetada no mercado de capitais nos dois últimos anos. Essa correção, no entanto, ainda não aconteceu com o preço dos ativos que interessam aos fundos de venture capital, observa Fizsman. Considerando os inúmeros obstáculos que os empresários terão que enfrentar em 2022, é um alento saber que eles poderão ao menos contar com rodadas de captação privadas para fomentar seus negócios.
Confira mais informações sobre os IPOs na B3 em 2021:
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