O PIB brasileiro, com variação de 0,1% no trimestre ante ao segundo, registrou o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. A alta ficou em 7,2% em relação ao nível pré-pandemia do quarto trimestre de 2019. Mas nem tudo é boa notícia para o mercado. Especialistas como Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos, e Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, chamam atenção para o recuo na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 2,5% ante ao trimestre anterior, com ajuste sazonal. A medida apura investimentos produtivos, como na construção civil e em ativos como máquinas e bens de capital, e, por isso, ajuda a prever os rumos da capacidade produtiva da economia.
Confira os principais trechos das análises de Farina e Moura e também análise de Darwin Dib, economista da Gauss Capital.
Genial Investimentos
Investimentos produtivos
“O que mais chamou a minha atenção nesse resultado do PIB do terceiro trimestre foi o movimento de continuidade da queda, tanto da formação bruta de capital fixo como da taxa de investimento e da taxa de poupança. Isso é um pouco preocupante, não em termos de crescimento ainda para este ano, mas em termos de crescimento futuro. Como sabemos, a taxa de investimento expressa na formação bruta de capital fixo é crucial para que a economia possa crescer de forma saudável no futuro. Então, a queda impõe aí um viés negativo para os trimestres à frente e para 2024.”
Aberturas
“Em termos das aberturas, olhando pelo lado da oferta, a gente viu uma perda de momento do setor agro, com recuo de 3 ,3 % na comparação trimestral, depois de um crescimento bem exuberante no primeiro trimestre e que respingou também no segundo trimestre deste ano.
Pelo lado da indústria e dos serviços, a gente viu uma leve surpresa para cima, com os dois crescendo 0,6% na métrica trimestral, se mostrando também bem resiliente a uma economia que ainda vem sofrendo os impactos defasados de uma taxa de juros mais elevada (lembrando que a Selic permaneceu cerca de um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, no patamar de 13 ,75%). Então, a gente deve também ver alguma desaceleração da indústria e principalmente dos serviços por conta disso e por conta de um efeito base mais elevado.”
Efeito Argentina
“As importações recuaram 2,1 % na esteira da desaceleração da economia. Mas as exportações cresceram 3%, na nossa opinião, ainda por conta do que podemos chamar de ‘efeito Argentina’. É que, nos últimos tempos, a Argentina vem implementando uma série de restrições às exportações, tanto em reação a preços como a quantidade. Carne, por exemplo, tinha um limite de quantidade. Isso beneficiou as exportações brasileiras.
Mas o governo agora eleito prometeu acabar com esses limites. Então, nos próximos trimestres, a gente deve ter as exportações argentinas voltando a concorrer com as brasileiras, Isso deve colocar um viés baixista para o crescimento das exportações nos próximos trimestres.”
Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos
Matriz Capital
Bens de capital
“Entre os setores que surpreenderam negativamente, temos a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Houve uma queda significativa, indicando redução na produção interna de bens de capital e na construção, bem como na importação de bens de capital. Isso pode sugerir um possível desaquecimento nos investimentos, o que afeta a economia.”
Indústria de transformação
“A Indústria de transformação sofreu um declínio, especialmente em áreas como máquinas e equipamentos, produtos químicos, indústria automotiva e metalurgia. Isso pode indicar desafios específicos dentro desses setores.”
Último trimestre
“Para o próximo trimestre, acredito que o consumo das famílias pode desacelerar, refletindo em uma possível queda na atividade econômica entre outubro e dezembro. Primeiro, pela redução de estímulos do governo. Segundo, por uma condição econômica menos favorável com o aumento da inflação ainda mais caso ocorra um descontrole dos gastos do governo.”
Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital
Gauss Capital
Crescimento real
“O resultado divulgado hoje deve estimular as revisões do mercado para o crescimento real do PIB em 2023, pois, mesmo se o PIB permanecer estagnado no quarto trimestre, fecharemos o ano com um crescimento real na casa dos 3.0%.”
Rumo dos juros
“Dito isso, não acredito que o resultado deste terceiro trimestre vá alterar a trajetória de cortes da taxa Selic, tampouco a perspectiva de aceleração dos cortes para 75 bps a partir da segunda reunião do Copom de 2024 dada a necessidade de imprimir uma redução mais expressiva na taxa de juro real ex-ante.”
Darwin Dib – Economista da Gauss Capital
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