O preço do petróleo Brent chegou a bater em US$ 96 o barril nos últimos dias, o maior valor em mais de um ano.
A alta no valor da commodity é um dos fatores que alimentam os temores de persistência da inflação global.
No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, o Banco Central afirma que “commodities energéticas apresentaram elevação no período, com impacto relevante para a inflação global”.
Nesse contexto, o mercado está de olho na reunião da Opep – a Organização dos Países Exportadores de Petróleo – desta quarta-feira, em busca de sinais sobre para onde vai a produção e o preço.
Entenda por que os preços estão subindo tanto e quais são as perspectivas desse mercado neste roteiro preparado pela Capital Aberto.
Por que os preços do petróleo estão subindo?
Há duas razões principais para a alta do petróleo
A primeira é puramente de mercado: a recuperação econômica pós-pandemia, que elevou a demanda por combustíveis. A expectativa é que o consumo mundial bata seu recorde neste ano, com 101,8 milhões de barris/dia.
A segunda razão é mais política. A Opec, grupo dos maiores exportadores do mundo, tem restringido a oferta, sob liderança da Rússia e da Arábia Saudita. Por conta em parte da Guerra da Ucrânia, no caso da Rússia, e para bancar os investimentos em uma diversificação de sua economia, no caso da Arábia Saudita.
Quais são as perspectivas para os preços e até onde eles podem subir?
Na opinião do economista da gestora Rio Bravo, Luca Mercadante, é difícil prever o comportamento dos preços porque parte da restrição de oferta não tem causas puramente econômicas.
“(A oferta) depende de decisões arbitrárias”, explica Mercadante. “Mas a expectativa é que, sem aumento da oferta, os preços continuem nesse patamar, próximo dos US$ 100 o Brent”.
Por outro lado, Mercadante não vê muito espaço para um avanço muito maior. E há ainda uma pressão de baixa, que pode segurar os preços, por conta da desaceleração da economia global.
Qual o impacto da alta do petróleo na inflação?
Não há dúvida de que a alta dos preços do petróleo tem impacto na inflação. A discussão é sobre a magnitude desse impacto.
Nos Estados Unidos, segundo números do Bureau of Labour Statistics, a alta dos preços do petróleo foi a principal responsável pelo salto de 0.5 percentual da inflação de agosto de 3,7% sobre os 3,2% de julho.
Mercadante acredita que boa parte desse impacto, porém, já foi absorvida. “Não parece mais ser a grande pressão. A grande pressão vem do setor de serviços”, argumenta.
Como a alta do petróleo afeta o Brasil?
Tanto na ata da reunião do Copom de quarta-feira passada como no relatório de inflação, o Banco Central registrou que o comportamento dos preços do petróleo é um dos pontos a observar no comportamento da inflação.
Luca Mercadante chama atenção para uma peculiaridade do Brasil, que é o poder da Petrobras influir no mercado, sobretudo depois do anúncio da nova política de preços da empresa, que não mais apenas o valor do mercado internacional em conta.
“Hoje, há uma defasagem do preço da gasolina em relação aos parâmetros internacionais. E essa defasagem é ainda pior no diesel”, explica.
De alguma forma a defasagem funciona como um amortecedor das altas internacionais do petróleo no mercado interno. Por outro lado, ela tem dois efeitos colaterais: potencialmente prejudicam as contas da Petrobras e, até por conta da dominância da Petrobras nesse setor, apertam as margens das concorrentes privadas que importam petróleo.
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