Após uma decisão dividida no Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juros, os especialistas veem um Banco Central (BC) mais contracionista para consolidar a desinflação, além de mandar “alguns recados” sobre os próximos passos da Selic.
Para o economista e sócio da Matriz Capital, Vinicius Moura, o tom do comunicado pode ser interpretado como cautelosamente hawkish. Segundo ele, a magnitude da redução não pegou o mercado de surpresa e veio dentro do consenso, que antecipava uma redução moderada devido às incertezas econômicas e às pressões inflacionárias ainda existente.
“Acredito que o Fed mantendo juros altos podem atrapalhar no ciclo de queda de juros por aqui. Juros altos nos EUA podem fortalecer o dólar e pressionar a inflação, dificultando a redução da Selic aqui. Eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul podem pressionar a inflação de alimentos, dificultando a queda da Selic também”, explica Moura.
Outro fato ‘sinalizado’, de suma importância, inclusive, foi que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, estiveram em lados diferentes quanto à decisão. Cotado para ser o sucessor de Campos Neto, que deixa o cargo no final do ano, o voto de Galípolo pela redução de 0,50 ponto percentual (pp) é no tom esperado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, “isso sinaliza um pouco de como será a política monetária no próximo mandato do BC”.
A economista-chefe da B.Side, Helena Veronese, ressalta a retirada do forward guidance do comunicado, que mostra um Comitê mais cauteloso e enxergando um cenário mais incerto – tão incerto, que a opção escolhida foi observar sem se comprometer.
Do lado fiscal, tema que vem sendo citado com certa recorrência por Campos Neto, o Copom enfatizou mais a necessidade de se perseguir a meta fiscal tanto para a trajetória da dívida, quanto para as expectativas de inflação e redução de riscos.
“Ao que tudo indica, entramos em uma nova fase da política monetária, em que a cautela deverá prevalecer”, afirma Veronese.
A decisão
O colegiado do BC reduziu a Selic em 0,25 pp, com juros passando de 10,75% para 10,50% ao ano. Na decisão, divulgada na noite desta quarta-feira (8), o Comitê enfatizou que o ambiente externo se mostra mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países.
Em relação ao cenário doméstico, o colegiado do BC ressalta que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. “A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, diz trecho do comunicado.
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