Além da supervalorização do petróleo e da busca por sua substituição, há uma outra grande oportunidade nas mãos dos participantes do mercado sucroalcooleiro brasileiro: o Alternative Investment Market (AIM), segmento criado pela tradicional Bolsa de Valores de Londres (LSE) para atender a empresas em estágio inicial ou de menor porte — mas com ótima previsão de lucratividade — que queiram ingressar no mercado de capitais e crescer.

Com um regulamento muito mais simples se comparado ao do mercado principal de Londres e a outros do mundo, incluindo o da Bovespa, o AIM admite empresas de todos os tamanhos, setores e países. Lançado em 1995, é considerado hoje um mercado alternativo bastante estável, atrativo e acessível, composto por diversas empresas conectadas ao futuro e com alto potencial de crescimento. Possui 304 companhias listadas não sediadas no Reino Unido, de diferentes países e setores da economia.

Um exemplo de como o AIM representa uma oportunidade para o setor sucroalccoleiro do Brasil é a Clean Energy Brazil (CEB). Criada por investidores britânicos para investir no setor de açúcar e álcool brasileiro, a empresa captou 100 milhões de libras em seu IPO. Assim, vemos que o lançamento das usinas produtoras de etanol no mercado de capitais inglês poderá proporcionar grande captação de investimentos e, dessa forma, implantar projetos de expansão e aprimoramento tecnológico.

A comprovação do atendimento à legislação ambiental e às normas técnicas vigentes deverá ser feita na fase de admissão da empresa ao AIM. A demonstração da não existência de passivos ambientais poderá gerar uma maior perspectiva de rentabilidade da empresa e, como conseqüência, atrair um maior número de investidores. No que tange ao setor sucroalcooleiro, a conformidade ambiental abrange leis e normas que tratam desde questões referentes ao atendimento de padrões de emissões atmosféricas e lançamentos de efluentes líquidos até o uso de agrotóxico. Inclui também redução e eliminação de queimadas, licenciamento ambiental, definição de áreas de preservação permanente, delimitação e averbação de reserva legal, diretrizes de uso e ocupação de solo, entre outras.

É também exigência do AIM a contratação de um Nomad, consultor que será responsável por fazer todo o relacionamento com o mercado, aprovar o ingresso da empresa no segmento e sua manutenção. Ele deve ser escolhido em meio à lista de consultores autorizados pelo AIM. Todas as empresas, obrigatoriamente, precisam manter, em tempo integral, o seu respectivo Nomad. Essa regra é tão rígida que, na hipótese de rescisão com o Nomad, a negociação das ações fica suspensa até que seja feita a sua substituição. A responsabilidade primária do Nomad é perante a LSE, verificando as condições de admissibilidade e de manutenção da empresa no AIM, de forma a garantir a reputação e a integridade desse mercado.

Mais do que uma exigência do AIM, a conformidade ambiental é um pressuposto básico para a sobrevivência empresarial. O atendimento às leis e às normas ambientais, bem como às regras de governança corporativa, traz vantagens competitivas e maior aceitação no mercado, principalmente o internacional. Na medida em que esse se torna cada vez mais competitivo e exigente, barreiras não-tarifárias tendem a se intensificar, como o rastreamento de produtos quanto à conformidade ambiental de seus processos de produção, especialmente por meio de auditorias e certificações. Outra vantagem de estar em dia com o meio ambiente é o aumento da rentabilidade do negócio. Empresas que investem no conceito de Produção Mais Limpa (P L) tornam seus processos mais ecoeficientes e reduzem desperdícios.