Com 38 operações nos primeiros cinco meses de 2010, as emissões de debêntures já passam de R$ 17 bilhões no ano, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A cifra é de encher os olhos e indica que as emissões de renda fixa voltadas ao mercado local estão cada vez mais em alta, especialmente as colocações por meio da Instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que dispensa de registro as ofertas públicas com esforços restritos de venda. Em 2010, 25 emissões de debêntures foram realizadas por meio da 476. O cenário em nada se parece com o do início do ano. Até o fim de fevereiro, apenas três ofertas haviam sido registradas, e aquelas com esforços restritos eram apenas cinco.

Um conjunto de fatores mudou a perspectiva para o segundo semestre. Segundo Ricardo Leoni, superintendente de mercado de capitais do Santander, o principal deles é a entressafra de emissões de certificados de depósito bancário (CDBs), principal concorrente das debêntures nos portfólios de renda fixa dos investidores. Com a menor oferta de CDBs, instituições financeiras têm maior facilidade para colocar operações de dívida privada no mercado. “As emissões de eurobônus também ficaram mais escassas, fazendo com que as companhias se voltassem para o ambiente interno”, completa Leoni. A instabilidade do mercado de ações também ajudou a completar o cenário favorável para as debêntures, incentivando os emissores.