Se a crise proporcionou maior austeridade às empresas quanto à remuneração de seus CEOs, o mesmo não se pode dizer de certos benefícios, como a utilização de aeronaves corporativas para fins pessoais. Análise feita pela firma de pesquisas em governança Corporate Library, com base em materiais de assembleia (proxy statements) de empresas do índice Russell 1000, mostra que os gastos com essa prática dispararam mais de 70% entre os anos fiscais 2007/2008 e 2008/2009. O valor médio gasto pelas empresas com o uso pessoal de aviões corporativos foi US$ 131,3 mil, ante US$ 76,6 mil no período anterior. Algumas companhias, como a PartnerRe, apresentaram aumentos espetaculares (de US$ 7,1 mil para US$ 300 mil).

Os CEOs das empresas do índice S&P 500 também vêm aumentando gastos com as aeronaves. De 2004 para cá, o valor médio consumido com viagens de turismo e afins por esses líderes pulou de US$ 89,6 mil para US$ 147,3 mil. Os cinco diretores presidentes que mais usaram o jatinho corporativo como se fossem seus consumiram entre US$ 675 mil e US$ 1,1 milhão dos caixas das empresas em 2008/2009.

Os dois primeiros da lista, Gary Convins, do Dana Holding, e Michael Jeffries, do Abercrombie & Fitch, ainda puseram na conta das empresas gastos de US$ 24 mil e US$ 176 mil, respectivamente, relativos a taxas de viagens. Os outros três, ao menos, pagaram essas taxas do próprio bolso. O terceiro e o quarto colocados — Stephen Wynn, do Wynn Resorts, e David Hanna, do CompuCred Holdings — não só aproveitaram bastante as aeronaves corporativas para uso particular (gastando US$ 1 milhão e US$ 980 mil, respectivamente), como estenderam a mamata ao restante de suas famílias, especialmente para viagens de lazer.