O conselho de administração da Estácio reuniu-se na quinta-feira, 7 de julho, para avaliar a fusão da empresa com a Kroton. O negócio recebeu sinal positivo do board, mas precisa ser ratificado antes da convocação de uma assembleia extraordinária. A combinação movimentou o mercado no último mês não apenas pela criação de uma gigante, com valor de mercado somado de R$ 28,3 bilhões, mas por evidenciar uma necessidade de consolidação. Com a crise econômica e as mudanças na política de financiamento estudantil, o setor de educação encontra na compra de concorrentes uma saída para crescer e melhorar margens operacionais.
A negociação foi rápida — a Kroton anunciou seu interesse pela Estácio no começo de junho. De acordo com a última proposta, cada ação da Estácio equivalerá a 1,281 ação da Kroton e receberá aproximadamente R$ 0,55 sob a forma de dividendo extraordinário (totalizando R$ 170 milhões). Para seguir adiante, a fusão depende do aval dos acionistas e da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Ao mesmo tempo em que negociava com a Kroton, a Estácio era assediada por outros interessados. A primeira a aparecer foi a Ser Educacional. A companhia propôs o pagamento de R$ 1 bilhão em dividendos extraordinários, ante os R$ 590 milhões ofertados inicialmente. Paralelamente, emergiu o interesse da família Zaher, dona de 14% do capital da Estácio. Até o fechamento desta edição, no entanto, Chaim Zaher não havia formalizado os termos da oferta pública de aquisição de ações (OPA) que lhe renderia a possibilidade de arrematar o controle da companhia.
“Combinações no setor já eram esperadas, mas não imaginávamos que seria uma operação tão grande e rápida”, diz Ricardo Kim, analista chefe da XP Investimentos. Na avaliação de Daniel Liberato e Felipe Silveira, analistas da Coinvalores, o aperto de caixa das companhias do setor ajudou a fazer com que as oportunidades de consolidação despontassem. No ano passado, o governo federal reduziu o escopo de beneficiários do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa diretamente responsável pelo crescimento orgânico do setor nos últimos anos.
“A Estácio já apresentava resultados inferiores aos de seus pares. A deterioração de indicadores como captura de alunos, taxa de evasão e índice de inadimplência levou à queda da rentabilidade”, constatam Liberato e Silveira, em relatório. Na Kroton, o cenário é diferente. Comandada pelo presidente Rodrigo Galindo, a companhia é reconhecida pela boa capacidade administrativa e é forte no segmento de ensino a distância, nicho com margem operacional superior à do ensino presencial.
Se aprovada pelos acionistas, a fusão entre Kroton e Estácio promete movimentar o Cade. O caso é semelhante ao da junção entre Kroton e Anhanguera, anunciada em 2013 — a operação levou cerca de um ano para ser aprovada pelo órgão antitruste, com restrições, por causa da concentração de mercado. “O ponto mais crítico é o do ensino a distância, mais concentrado, e que tem Kroton e Estácio como os maiores players”, observam os analistas da Coinvalores. É exatamente nessa etapa que Ser Educacional e família Zaher podem voltar ao jogo com mais força. Entre os analistas, é considerada grande a probabilidade de o Cade aprovar a fusão, mas também determinar que ativos específicos sejam vendidos. Se isso acontecer, são eles os potenciais compradores.
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