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Boas notícias chegam, e economistas percebem que foram pessimistas demais
Revisões para este ano foram motivadas por surpresas nos principais indicadores econômicos
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Na visão dos analistas, a bolsa estava negociando em níveis muito baratos há tempos e bastava um gatilho de ordem macroeconômica para os preços convergirem para cima | Imagem: Freepik

No último dia 9 de junho, a bolsa brasileira entrou no chamado bull market, jargão técnico do mercado financeiro para indicar um período prolongado do mercado em alta. Naquela sexta-feira espremida entre um feriado e o fim de semana, o Ibovespa surpreendeu atingindo uma pontuação 20% acima da mínima do ano, quando ficou abaixo dos 97 mil pontos. Nas sessões seguintes, continuou subindo e, ao se aproximar dos 120 mil, alcançou a maior pontuação em oito meses. O Ibovespa subiu em nove dos onze pregões do mês de junho, até agora, e acumulou alta de quase 10% no período.  


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“É junho, tradicionalmente o mês das noivas, dos noivos — e dos economistas perceberem que, mais uma vez, foram pessimistas demais em relação ao Brasil”, diz artigo da Bloomberg publicado na última semana. Quatro meses atrás, as previsões para a economia brasileira só pioravam. Os economistas consultados semanalmente pelo Banco Central, no Boletim Focus, chegaram a prever que o Produto Interno Bruto (PIB) do País avançaria apenas 0,76% este ano. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) não pensava muito diferente, chegando a projetar crescimento de 1% em 2023, quase um terço do esperado para a economia global. Recentemente, revisou a projeção para 1,7%, em linha com a melhora das expectativas do Focus. O Banco Mundial também elevou de 0,8% para 1,2% a previsão para o PIB brasileiro no período. 

Os economistas nivelaram por baixo suas projeções, levando em conta os efeitos dos juros altos na atividade econômica. O ciclo de aperto monetário começou em março de 2021 e, desde setembro do ano passado, a Selic é mantida em 13,75%, mesmo com as recentes pressões do governo e de setores da economia para que a taxa seja reduzida. Esta semana, o Comitê de Política Monetário (Copom) se reúne pela quarta vez no ano e, mais uma vez, deve deixar tudo como está. As casas de análise apostam em corte somente na reunião de agosto e algumas acreditam que o ciclo de aperto monetário só deve ocorrer de setembro em diante.  

“Os últimos boletins Focus mostraram reduções significativas nas projeções para a inflação em 2023, mas pequenas mudanças nas de 2024, que atualmente é o horizonte relevante para a política monetária”, destaca relatório do UBS BB, que aposta em redução de juros só daqui a duas reuniões do Copom.  

As revisões para este ano foram motivadas por surpresas nos principais indicadores econômicos. Puxado pela atividade agrícola, o PIB brasileiro registrou crescimento de 1,9% no primeiro trimestre de 2023, revertendo uma queda de 0,1% nos três últimos meses de 2022 e superando com folga o consenso do mercado. Medidas fiscais de estímulo adotadas pelo governo, como o recente programa para baratear carros populares com redução de impostos para a indústria, reforçam a perspectiva de aquecimento da atividade econômica. Já a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (IPCA) variou menos que o esperado em maio e, no acumulado de 12 meses, ficou abaixo de 4%, nível mais baixo em três anos.  

Na seara política, o Congresso parece chegar a um entendimento final sobre o novo arcabouço fiscal que, ao ser aprovado, abre espaço para que a reforma tributária também avance. Vendo maior certeza sobre políticas fiscal e monetária estáveis, a agência de classificação de riscos S&P Global elevou a perspectiva de crédito do Brasil para positiva. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deu uma pausa na política de aperto monetário, mantendo os juros americanos muito mais baixos que os do Brasil, e reforçando a atratividade do país entre os emergentes.  

Há inúmeras razões que justificam o “modo touro” do mercado acionário brasileiro e as melhores projeções para o ano. O JP Morgan, por exemplo, passou a prever o Ibovespa aos 135 mil pontos ao final de 2023 — a projeção anterior era de 130 mil. Na percepção dos analistas, a bolsa estava negociando em níveis muito baratos há muito tempo e bastava um gatilho de ordem macroeconômica para os preços convergirem para cima. Não significa que os desafios foram superados, afinal, os juros por aqui seguem elevados e o tema da responsabilidade fiscal ainda inspira cautela. Lá fora, as grandes economias do mundo enfrentam o fantasma de uma recessão. Fato é que o ceticismo de uma parte do mercado, sobretudo em relação ao atual governo, fez com que muitos investidores deixassem a bolsa “na baixa”. Hoje, eles retornam ao mercado acionário sem conseguir embolsar, na íntegra, os ganhos da recente recuperação. 

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