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Natura (3° lugar – entre R$ 5 e 15 bilhões)
Sintonia com o Novo Mercado

, Natura (3° lugar – entre R$ 5 e 15 bilhões), Capital Aberto

Imagine uma indústria que fatura mais de R$ 15 bilhões ao ano, tem demanda garantida — com ou sem crescimento da economia — e atende pouco mais da metade da população brasileira (51%) sem estar sujeita a sazonalidades. É de se esperar que um segmento como esse tenha diferentes representantes na bolsa de valores. Mas a Natura, uma das maiores indústrias nacionais do ramo de cosméticos, fez o “début” do setor na Bovespa em 2004, quando aderiu ao Novo Mercado. Participar do mais alto nível de governança corporativa, em um negócio com enorme número de pequenas e médias empresas e bastante disputado por grandes competidores mundiais, pode não ser uma decisão exatamente fácil, devido ao nível de transparência exigido: algumas informações estratégicas para a empresa, que são guardadas a sete chaves por suas concorrentes de capital fechado, precisam ser divulgadas em nome do disclosure. Ainda assim, a Natura optou pelo Novo Mercado, mais em função do que isso representa para a sustentabilidade do seu negócio e para a valorização da sua marca do que propriamente em busca de capital.

, Natura (3° lugar – entre R$ 5 e 15 bilhões), Capital Aberto“Nossa governança começou a ser construída muito antes da entrada no mercado de capitais”, diz José David Vilela Uba, vice-presidente de finanças e de Relações com Investidores da Natura, empresa que ocupa a terceira posição no Ranking Capital Aberto, no segmento valor de mercado entre R$ 5 bilhões e R$ 15 bilhões. A companhia constituiu em 1998 — mesmo ano em que ajudou a fundar o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social — o seu conselho de administração. No ano seguinte, foi a vez de formar o comitê de auditoria e de administração de riscos e, em 2001, o comitê de recursos humanos.

Quando decidiu fazer a oferta pública de ações, a companhia não tinha o objetivo de levantar capital. Sua emissão foi feita apenas com ações que pertenciam aos seus três controladores — os sócios Luiz Seabra, Guilherme Peirão Leal e Pedro Luiz Barreiro Passos. “O principal objetivo foi separar a propriedade da gestão e passar a monitorar o desempenho de forma mais crítica”, diz Uba, ressaltando que a Natura possui recursos próprios ou conta com apoio de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para promover a sua expansão. A adesão ao Novo Mercado está em sintonia com o conceito que envolve a marca Natura — baseado na transparência das relações e no respeito à diversidade. Nesse sentido, vale lembrar que a fabricante foi a primeira grande empresa de cosméticos no país a usar “mulheres reais” nas suas campanhas de produto, apregoando a beleza sem estereótipos — uma linha de comunicação que hoje é adotada por multinacionais como a Unilever, com a marca Dove.

O caminho de mercado escolhido pela Natura, seja com sua estratégia de comunicação ou com a adoção do modelo de venda direta — que responde por 26,4% do mercado total, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) —, mostra-se vencedor. Com uma história de faturamento crescente, iniciada em 1969 em São Paulo, a empresa atingiu, no ano passado, receita líquida de R$ 2,3 bilhões, 29% acima da de 2004, e suas ações foram valorizadas em 38%. O lucro líquido, por sua vez, cresceu 32%, chegando a R$ 396,9 milhões. No acumulado dos primeiros nove meses deste ano, o resultado foi 33% superior em relação ao mesmo período de 2005, chegando a R$ 344 milhões. Desde setembro, as ações da Natura estão incluídas no Índice Bovespa.

“A companhia aprendeu muito desde que passou a integrar a Bolsa de Valores”, diz Uba, que conta com uma equipe de mais três pessoas: o gerente, Helmut Bossert, e dois analistas. Uma das metas da área para o próximo ano é aprofundar o nível de conhecimento dos investidores sobre as atividades da companhia e as variáveis que mais impactam o negócio. “Também pretendemos aumentar a participação em eventos voltados ao mercado e a nossa relação com a imprensa”, diz o vice-presidente.

Para aumentar a liquidez, a companhia contratou um formador de mercado e fez um desdobramento das ações

Entre os pontos fortes da Natura no Ranking Capital Aberto estão a liquidez e a governança corporativa. Em relação à primeira, o vice-presidente aponta a contratação de um formador de mercado e a realização do desdobramento das ações (split) para torná-las mais acessíveis ao investidor pessoa física. Assim, o lote de 100 ações passou de R$ 12,5 mil para R$ 3 mil. Atualmente, o free float da companhia está em 26,5%.

Em relação à governança, no ano passado a Natura nomeou um presidente-executivo não ligado ao bloco de controle: Alessandro Carlucci, que desde 2002 ocupava a vice-presidência de negócios (a presidência era compartilhada pelos três sócios, que passaram então a dividir a presidência do conselho). Também foram instituídos dois novos comitês — o estratégico e o de governança corporativa. Quanto às duas questões em que nenhuma das empresas do ranking pontuou (detalhamento sobre a remuneração do conselho e diretoria e política de operações com partes relacionadas), Uba acredita que não houve uma percepção adequada sobre o trabalho da Natura. “Nós vamos além do que exige a lei e conferimos um amplo disclosure sobre o programa de stock options”, diz o executivo, comentando que a indicação da remuneração pessoal dos administradores não é feita por razões óbvias de segurança. “Somos também extremamente rigorosos na política de operações com partes relacionadas, mas talvez isso não esteja explícito”, afirma.

No quesito retorno econômico da ação (TSR-Ke), os 56,5% registrados pela Natura foram inferiores ao obtido por suas companheiras em liderança no ranking, TAM e Gol. Uba, no entanto, considera o resultado bastante satisfatório. “Trata-se de um índice que depende das condições de mercado de cada setor”, afirma, comentando que as companhias aéreas com quem divide a categoria tiveram um momento excelente este ano. “Para mim, 56,5% está ótimo, e é o que eu vou me esforçar para manter.”


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