Quando o conceito de sustentabilidade ganhou fama e prestígio nas organizações, muitos levantaram o braço para citar a rivalidade entre stakeholders e shareholders. Fizeram questão de lembrar que uma companhia não tem por missão servir à sociedade que a cerca, mas sim entregar lucro aos seus acionistas. Observaram que, por vezes, esses dois interesses poderiam ser conflitantes. E foram categóricos ao avaliar que, neste caso, a visão do acionista deveria ser soberana.

O tempo passou, a sustentabilidade ganhou o apoio decisivo dos consumidores e mais vozes se manifestaram. Desta vez, elas notavam que a suposta divergência de interesses não mais fazia sentido, uma vez que as companhias só poderiam dar lucro aos seus acionistas se respeitassem o planeta e a comunidade com a qual convivem. Agora tudo isso seria uma questão de mercado, e não apenas idéias.

Quem viu essa transformação sentado na cadeira de um RI sabe bem do que estamos falando. E algumas empresas fizeram questão de mostrar que esse conflito estava mesmo encerrado. Prova disso está em unir as equipes de RI e sustentabilidade sob um mesmo teto como fez o Bradesco, de forma inovadora. Ambas passaram à supervisão do porta-voz da instituição perante o mercado, que agora tem na ponta da língua um discurso que combina a criação de valor para acionistas e demais públicos relacionados. Para os RIs que se sentem desconfortáveis em ver as questões de sustentabilidade tão longe da sua alçada, está aí um bom exemplo para reivindicar mudanças.