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Aluguéis em alta
Mudança nas regras da CBLC e demanda dos fundos long-short estimulam os empréstimos de ações

As operações envolvendo empréstimos de ações, mais conhecidas como aluguel, ganharam fôlego nos últimos dois anos e estão movimentando volumes cada vez mais elevados nos pregões da bolsa paulista. Até agosto de 2007, foram negociados aproximadamente R$ 164 bilhões, 60% acima do registrado durante todo o ano passado. Se comparados com 2005, os números se mostram ainda mais expressivos, com aumento de 178%. 

A grande demanda pode ser explicada por alguns fatores. O primeiro deles é o esforço empreendido pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) para facilitar a realização dos negócios e garantir maior liquidez ao mercado. Até pouco tempo atrás, apenas o tomador do empréstimo tinha a possibilidade de encerrar o contrato antecipadamente. Agora, o doador também tem a prerrogativa de solicitar seus títulos de volta durante a vigência do compromisso. 

Há ainda a presença da clearing, que encoraja investidores a fechar os contratos. “A CBLC passa muita segurança, principalmente aos estrangeiros. Houve bons avanços em todo o sistema tecnológico”, afirma Antonio Milano, diretor da Fator Corretora. As operações contam com garantias que atingem, em média, 107% do valor do empréstimo. Segundo Alexandre Lopes, gerente da Banif Corretora, até o investidor de longo prazo já começa a descobrir os benefícios de colocar seus papéis à disposição de terceiros. “O risco para o doador é baixíssimo e garante um bom retorno”, diz. 

Os fundos long-short também vêm contribuindo para o crescimento dos aluguéis. Nesse tipo de investimento, o gestor realiza operações “casadas” de compra de algumas ações e venda de outras. Os papéis vendidos são obtidos, muitas vezes, mediante aluguel. O movimento tem sido reforçado pelos fundos multimercado, que investem cada vez mais em aplicações long-short. 

Os empréstimos também são utilizados quando há expectativa em torno de determinada transação. Foi o caso dos rumores de aquisição da Natura pela Avon, espalhados recentemente. “Os papéis da Natura subiram mais de 10% em um dia. Era um bom momento para vender as posições, trabalhando com aluguel”, afirma Leonel Nordi, operador de mesa da Planner Corretora. 

E não são só os retornos financeiros que estimulam os investidores. Quando a operação envolve ações ordinárias, o que pode estar por trás da negociação é o direito de voto nas assembléias que os papéis conferem temporariamente aos tomadores de empréstimos. Esse assunto mereceu, inclusive, um posicionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no ano passado, em disputa entre minoritários e controladores da Telemar. Na ocasião — que excepcionalmente delegou direito a voto para os preferencialistas — houve autorização para que detentores de títulos alugados pudessem votar como se fossem proprietários. A posse do voto em investimentos de caráter temporário como o aluguel é motivo de polêmica no Brasil e lá fora. A dúvida é se esse instrumento pode permitir a especuladores manipular votações sem qualquer compromisso com a companhia no longo prazo — ou, até mesmo, tendo um interesse conflitante com o da empresa. 

Já as operações de aluguel de debêntures, ao contrário do que acontece com ações, ainda não emplacaram, apesar de a conjuntura econômica ser cada vez mais favorável à emissão de dívida privada. Para Milano, da Fator, ainda falta liquidez neste segmento, mas a perspectiva é de que a queda continuada das taxas de juros e o crescimento das operações no mercado de capitais estimulem os empréstimos desses títulos nos próximos anos. (Fabio Marrey)


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