Em meados de setembro, a Eletrobrás anunciou que entraria com um pedido na Securities and Exchange Commission (SEC) para elevar o patamar de seus ADRs do nível 1 para nível 2. Dias depois, a Medial Saúde estreou na Bovespa e optou pela regulamentação 144-A para acessar o mercado norte-americano, que permite a colocação de ADRs apenas para investidores qualificados, sem negociação em bolsa de valores, e dispensa a companhia das exigências da Lei Sarbanes-Oxley (SOX). As duas foram as primeiras movimentações de emissão externa desde abril, quando Saraiva e CSU Cardsystem também se valeram da 144-A. A única emissão de ADR com listagem em bolsa (nível 2) aconteceu em março, com a TAM. Antes dela, houve um só lançamento em 2005, da Contax (empresa de tele serviços que foi desmembrada da Telemar), que tem ADRs nível 1.

Há cinco anos, a atual proporção entre ofertas de ações na Bovespa e de ADRs na Bolsa de Nova York seria impensável. A participação de estrangeiros na bolsa local era bem menor (veja quadro) e a possibilidade de migração de liquidez de um mercado para o outro preocupava. De acordo com um especialista em emissões externas, os fatores responsáveis pela mudança não são apenas a maior presença de investidores internacionais e o impacto dos custos da SOX. Uma boa parte das companhias que realizaram ofertas iniciais de ações (IPOs) recentemente prefere realizar colocações externas num segundo estágio, beneficiando-se da valorização das ações e de um histórico de mercado que lhe permita uma precificação melhor.