O caminho da bolsa brasileira em direção à abertura de capital — projeto anunciado no fim de maio e que inclui a intenção de listar ações no Novo Mercado — começa a se desenhar exatamente como lá fora: com a valorização dos títulos patrimoniais. Em dois leilões no mês de julho, seus papéis foram arrematados com ágio de 132%. Cotados inicialmente em R$ 1,07 milhão, cada um dos 11 títulos que pertenciam ao Banco Santos foi vendido por R$ 2,5 milhões.

A Socopa e a Spinelli desejavam todos os 11, mas acabaram tendo de dividi-los. A primeira ficou com sete e a segunda, com dois. Os dois restantes ficaram com a Ágora Sênior e a BBM. Outras casas também deram lances e terminaram de mãos vazias: BES, Talarico, Título e Indusval. A demanda estimulou a Corretora Finabank a vender cinco títulos uma semana depois. Dessa vez, Spinelli e Citibank arremataram, por preço mínimo já fixado em novo patamar: R$ 2,4 milhões.

No exterior, a apreciação média de papéis de bolsas que decidiram abrir o capital foi de quatro vezes, de acordo com estudo publicado pelo Banco de Desenvolvimento da Ásia. Antes do anúncio, os títulos patrimoniais da Bovespa eram vendidos com leve deságio, entre 15% e 20% do valor de face (R$ 1 milhão). Para que possam atuar como corretoras da bolsa as instituições devem deter no mínimo seis desses títulos. E se quiserem operar para clientes de fora, precisam ter 12. Procurada, a Bovespa preferiu não se pronunciar, alegando que não costuma avaliar resultados de operações do mercado.