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Dois motivos pesam para fuga de capital estrangeiro da B3; confira
Cenário de juros nos EUA e a condução da política econômica pelo governo Lula são os principais drives para a saída de estrangeiro da Bolsa brasileira
Capital estrangeiro, Dois motivos pesam para fuga de capital estrangeiro da B3; confira, Capital Aberto

A fuga de capital estrangeiro no primeiro trimestre deste ano atingiu seu pior nível deste o início da pandemia. Em março, os investidores retiraram o total de R$ 5,54 bilhões da B3, levando a um resultado negativo de R$ 22,89 bilhões em 2024. Porém, se considerarmos o mês de abril, até o dia 8, dado mais recente da B3, o resultado está negativo em mais de R$ 23 bilhões.

Para analistas consultados pela Capital Aberto, dois motivos explicam esse movimento. Um deles é o cenário de juros nos Estados Unidos e o outro a condução da política econômica pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No final do ano passado, com a sinalização do Federal Reserve (banco central americano) de manutenção dos juros ou de início de corte na taxa em 2024, houve um fluxo de capital estrangeiro muito forte na B3, em novembro e em dezembro, fruto do grande descolamento do patamar de juros aqui e dos EUA.


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Com isso, na virada do ano, o mercado foi se posicionando para o início do corte, fato este que não ocorreu, já que os dados nos EUA passaram a vir mais fortes do que o esperado, com o corte de juros sendo postergado pelo Fed.

“O Fed precisa que a inflação comece a arrefecer para entregar o número magico de 2%. Com o cenário macro pior, o corte de juros foi postergado. Neste momento, a expectativa é que o corte comece a partir de julho, ficando mais para o último trimestre do ano”, explica o analista chefe da VG Research, Luan Alves.

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Segundo ele, essa postergação de corte nos EUA levou o capital estrangeiro a tirar o pé não só do Brasil, mas de mercados emergentes como um todo. “O Brasil foi pior na margem, apesar de dados fracos na China também. O Brasil tem correlação com China, principalmente nas commodities.”

Como exemplo, ele cita as ações de siderurgia e mineração, que acumulam uma queda grande em 2024. No ano, os papéis da Vale, que dominam o volume de negociação do Ibovespa, recuam 16,64% até o fechamento de quarta-feira (10), enquanto a CSN tem espantosa queda de 27,01%.

“No geral, essa fuga de estrangeiro está relacionada ao cenário macro, principalmente pela política de juros nos EUA, que está menos permissiva com a inflação”, explica Alves.

Indagado sobre a possibilidade de reversão deste cenário no curto prazo, o analista chefe da VG Research acredita que não deve ter uma melhora de sentimento pelo menos até junho, ou julho. “Uma melhora deve acontecer a partir de outubro.” A inflação americana divulgada nesta quarta-feira (10), por exemplo, corrobora com essa percepção, com uma alta de 0,4% em março, acima da expectativa do mercado de 0,3%, o que reforça a dificuldade para a desinflação dos preços no país. 

Além do diferencial de juros entre Brasil e EUA, o gestor de multimercados da Warren Investimentos, Eduardo Grübler, afirma que a maior parte da saída do investidor estrangeiro foi para realizar lucro, após o forte ganho em 2023. “Somos muito pequenos na escala global, logo o fluxo de entrada e saída de estrangeiro interfere muito na Bolsa brasileira”, analisa Grübler.

Até o dia 10 de abril, o Ibovespa, principal índice da B3, acumula uma queda de 4,57% no ano.

O que o Brasil tem a ver com isso

Embora os EUA tenham grande parcela nessa fuga de capital estrangeiro da Bolsa brasileira, pelo diferencial de juros com o Brasil, a política econômica do governo Lula também contribui para o movimento. De acordo com o professor de contabilidade financeira e tributária da Universidade Mackenzie, Murillo Torelli, a interferência do governo em empresas estatais e privadas tem sido primordial.

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“A instabilidade gerada por essas intervenções afeta negativamente a confiança dos investidores, prejudicando o desempenho do mercado de ações. Essa incerteza em relação às políticas governamentais cria um ambiente instável para os negócios, desencorajando potenciais investidores e contribuindo para a saída de capital da Bolsa”, enfatiza Torelli.

Alves, daVG Research, tem a mesma percepção sobre o governo brasileiro. Para o analista, uma maior interferência do governo no primeiro trimestre deste ano, além da perda de popularidade, levou a um ruído político em empresas como Petrobras e Vale.

Essa intervenção, no entanto, parece não ser só nas duas gigantes do setor de commodities. O professor do Mackenzie também cita a Eletrobras, que agora está no centro das atenções, já que o governo expressa sua intenção de reverter a privatização estabelecida no governo de Jair Bolsonaro.

“É crucial que o governo reavalie sua abordagem em relação às empresas estatais e às privadas, adotando uma postura mais transparente e pró-mercado. A estabilidade e a previsibilidade são fundamentais para atrair investimentos e promover o crescimento econômico sustentável. Caso contrário, corremos o risco de ver mais investidores estrangeiros se afastando do mercado brasileiro, agravando ainda mais nossa situação econômica”, finaliza Torelli.


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