A AGBI Real Assets, gestora de recursos independente especializada em investimentos em ativos reais, está apostando na inovação na recuperação de terras degradadas de fazendas para chegar a R$ 1 bilhão sob gestão.

A estratégia da AGBI desde a sua fundação, em 2012, é comprar fazendas no Brasil com terras degradadas, apoiar agricultores arrendatários que recuperam o solo e estabelecem lavouras maduras, para depois vendê-las com um valor agregado maior. Agora, a gestora fechou um acordo com a consultoria Infrapar Sustainability, do ex-coordenador do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima Marco Antônio Fujihara, para desenvolver, projetos de comercialização de créditos de carbono e de utilização de novas tecnologias de manejo de terras, como a agricultura regenerativa, os quais podem acelerar e impulsionar a valorização das fazendas. A parceria começa com os ativos do fundo AGBI 3 Carbon Fiagro Verde, o terceiro da gestora.

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Lançado no ano passado, o AGBI 3 Carbon Fiagro Verde já levantou R$ 80 milhões. O objetivo da gestora é chegar a R$ 300 milhões com investidores locais e ampliar o montante para até R$ 1 bilhão com a participação de estrangeiros. Serão adquiridas ao menos cinco fazendas, com cerca de 30 mil hectares no total.

“Os estrangeiros não podem ser donos da terra no país, porém entendem a importância de agricultura de baixo carbono, de usar a terra de forma mais produtiva e inteligente, com a questão do meio ambiente, que agora também entra na conta da rentabilidade”, diz Luciano Lewandowski, um dos fundadores da AGBI.

Nos últimos anos, a gestora desenvolveu uma metodologia para mapear e avaliar terras que podem fazer parte do seu portfolio. Com uma equipe de cerca de dez profissionais, entre funcionários próprios e consultores parceiros, já cadastrou 960 fazendas em todas as regiões do Brasil. Dessas, a imensa maioria não passou no primeiro escrutínio da equipe técnica, formado por critérios legais, ambientais e de qualidade do solo. Embora fazendas de todo o país estejam na mira, a maioria das efetivamente compradas são do Mato Grosso, onde a tradição agropecuária diminui os riscos.

No primeiro fundo da AGBI com essa filosofia de investimentos, uma fazenda mato-grossense de cerca de 15 mil hectares foi comprada por R$ 39,2 milhões em 2013 e vendida por R$ 177 milhões em 2021. No segundo, uma propriedade rural no mesmo estado e de tamanho semelhante foi adquirida em 2017 por R$ 28,2 milhões e vendida em 2022 por R$ 146 milhões.

Agricultura regenerativa

A agricultura regenerativa constrói sistemas agrícolas com foco na conservação e na restauração. Busca o aumento da biodiversidade, o enriquecimento do ciclo da água, a expansão dos serviços ecossistêmicos, a promoção do biossequestro, o aumento da resiliência às mudanças climáticas e a preservação da saúde e vitalidade do solo agrícola. Por meio do sequestro de carbono e do aumento da tolerância das culturas a choques climáticos, ajuda a reduzir as emissões.

É um conjunto de técnicas conhecido, mas pouco utilizado até o momento. Para Fujihara, o aumento da pressão de investidores e consumidores para que todo tipo de empreendimento se torne mais sustentável vai fazer com que tais tecnologias sejam mais empregadas na agricultura.

Quanto às dificuldades da precificação dos créditos de carbono, que costumam atrapalhar os projetos em áreas agrícolas complexas como fazendas que têm pastos, lavouras e florestas juntas, Fujihara diz que pretende usar diversas metodologias para chegar a uma visão sistêmica.