Antes mesmo da retração que derrubou as bolsas de todo o mundo na última semana de julho, o mercado de capitais internacional já vinha rejeitando papéis emitidos por grandes bancos de investimento com o objetivo de levantar recursos para grandes aquisições feitas com recursos financiados, as “leveraged buyouts” (LBOs). Nos Estados Unidos, a despeito de oferecerem taxas de juros maiores que as inicialmente previstas, os bancos emissores não alcançaram demanda suficiente para a oferta de US$ 12 bilhões em títulos de dívida que seriam utilizados para financiar a compra da participação da Daimler na Chrysler pela Cerberus. Os coordenadores da operação também precisaram reduzir de US$ 8 bilhões para US$ 6 bilhões a oferta de bonds realizada pela divisão financeira da montadora na semana anterior.

Na Europa, os oito bancos encarregados de levantar US$ 10,2 bilhões para a aquisição da Alliance Boots por um consórcio formado pela gigante de private equity Kohlberg Kravis Roberts (KKR) e pelo antigo presidente do conselho da rede britânica de farmácias, Stefano Pessina, desistiram de captar esses recursos no mercado após a tentativa frustrada de ofertar US$ 5,6 bilhões em senior loans. Nos dois casos, os bancos assumiram os financiamentos empenhando recursos próprios e limitando a própria capacidade de conduzir novas operações do gênero. De acordo com dados do Barings Asset Management, cerca de 30 ofertas de títulos de dívida foram canceladas entre a última semana de junho e a terceira semana de julho.

Os problemas de financiamento das LBOs já sinalizavam a crescente aversão a risco que seria demonstrada pelos investidores em face dos problemas enfrentados com a inadimplência no mercado de hipotecas norte-americano e da expectativa de novas ofertas de títulos para financiar aquisições alavancadas que superariam os US$ 300 bilhões, apenas nos Estados Unidos.