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Transparência por fio
Analistas e investidores esperam mais das conferências telefônicas

, Transparência por fio, Capital AbertoCada vez mais a teleconferência ganha força como um dos principais canais de comunicação entre companhias e investidores. Embora as áreas de RI tenham adquirido certa prática em lidar com ela, os analistas ainda esperam mais das já habituais reuniões telefônicas.

Há pouco menos de uma década, a história era outra. Divulgados os resultados, analistas e gestores de carteiras corriam atrás do executivo que costumavam consultar na tentativa de obter informações valiosas que lhes permitissem comprar ou vender em condições vantajosas. “As conversas eram individuais e os analistas competiam entre si na tentativa de ser o primeiro a falar com a companhia”, lembra Haroldo Levy, vice-presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), de São Paulo.

Hoje, através do telefone ou da internet, companhias e investidores interagem de maneira que todos recebam informações ao mesmo tempo. Uma vez dominada a tecnologia, o próximo passo é transformar as teleconferências em instrumentos mais eficientes de comunicação com os investidores.

Uma das sugestões apresentadas por analistas é que as companhias resumam ao máximo o discurso dos executivos e deixem mais tempo para perguntas. Quando a conferência é realizada, os press releases e documentos entregues aos órgãos reguladores já são de conhecimento dos investidores, o que dispensa a apresentação das mesmas informações. Em seu discurso, ao contrário, é recomendável que o porta-voz da companhia procure ir além do que está nas informações já tornadas públicas, com análises que sejam úteis à interpretação dos resultados. “Durante as teleconferências, o espaço reservado para as perguntas é mais esperado pelos analistas porque os resultados já são públicos”, afirma o gestor de recursos da ARX Capital Management, Rodrigo Fonseca.

O analista da corretora Socopa Daniel Doll Lemos reclama da ausência de projeções de longo prazo durante as teleconferências. E sugere que as companhias forneçam parâmetros para os resultados dos meses seguintes. Edmo Chagas, do banco suíço UBS, ressalta a importância da quantificação das análises, principalmente daquelas que terão impactos significativos sobre os resultados futuros. Ele cita como exemplo os efeitos de eventos nacionais ou internacionais sobre a atividade da empresa. “Às vezes a expectativa fica subjetiva, sem números”, diz.

Em face da padronização que acabou tomando conta das conferências, iniciativas criativas e menos usuais costumam agradar o mercado. Foi o caso de uma teleconferência da Usiminas na qual o diretor comerespecial cial da companhia, que estava em viagem à China, foi contatado para falar das perspectivas de negócios naquele mercado.

Outra iniciativa bem recebida é a presença do presidente da empresa nas divulgações de resultados. “Só o presidente pode comentar alguns assuntos e justificar as definições estratégicas”, afirma Fonseca, gestor da ARX Capital.

FERRAMENTAS SIMPLIFICAM PROCESSOS – As teleconferências também estão cercadas de tecnologias que facilitam a vida do investidor ou do analista. É possível ouvir a apresentação dos resultados e acompanhar os números por meio de slides apresentados na internet. As conferências costumam ser gravadas e depois armazenadas para que o investidor acione apenas um “replay” e assista quantas vezes quiser.

Diante de tanto aperfeiçoamento, as teleconferências nacionais estão em linha com o padrão tecnológico utilizado em países desenvolvidos. Essa evolução foi estimulada pela chegada de empresas internacionais ao Brasil especializadas na prestação de serviços de RI como a PR Newswire, a Thomson Financial Investor Relations e a Conference Call.

Segundo o vice-presidente da Thomson Financial, Arleu Aloísio Anhalt, as companhias nacionais que negociam ADRs no mercado internacional encabeçaram o processo de aperfeiçoamento das teleconferências no Brasil. “Nos Estados Unidos, as conferências já eram exigidas pelo mercado”, diz.

Para atender aos investidores locais e estrangeiros, a maioria das empresas com ADRs no exterior faz conferências em português e em inglês. Ou até prioritariamente em inglês, como ocorre com a Vale do Rio Doce e a Braskem.

Usualmente, as companhias vêem as conferências como canais de comunicação voltados apenas aos analistas e investidores institucionais. Exemplo disso é o fato de a Vale, que pulverizou suas ações no mercado nacional para mais de 580 mil pessoas através da utilização do FGTS, restringir suas conferências à língua inglesa.

As conferências em inglês e em português normalmente ocorrem no mesmo dia, em horários diferentes. “Procuro estar presente nas duas apresentações. As perguntas dos analistas de cobertura internacional normalmente refletem as preocupações dos estrangeiros com o país”, afirma o gestor da Mellon Global Investments, Ricardo Magalhães. Outras empresas fazem as teleconferências em português, com tradução simultânea para o inglês.

Em face da padronização que tomou conta das conferências, iniciativas criativas costumam agradar o mercado

Apesar dos avanços tecnológicos e da importância das teleconferências para uma comunicação eficiente com analistas e investidores, são poucas as empresas que utilizam esse recurso hoje no Brasil. Das 360 companhias com ações na Bolsa, pode-se estimar com otimismo que 50 delas promovam teleconferências com analistas, avalia Magalhães.

CULTURA DE EMPRESA COM ADRS – As companhias mais ativas continuam sendo as que possuem ADRs no exterior. Por enquanto, não há previsões na lei para a realização de conferências. Mas consta das boas práticas de conduta a divulgação de informações de maneira ampla e equânime, exigência para a qual as teleconferências se provaram uma ferramenta adequada. O sócio-diretor da Conference Call do Brasil, Christopher Porter, estima um crescimento de 15% na realização de conferências este primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2003.

Helio Garcia, presidente da PR Newswire do Brasil, ressalta que as teleconferências já não são usadas apenas para a divulgação de resultados, mas também para auxiliar as companhias em qualquer evento relevante que precise ser comunicado amplamente ao mercado. Mais uma contribuição da tecnologia para o aperfeiçoamento das práticas de RI.


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